De: Pulido Valente - "Ora bolas"

Submetido por taf em Quarta, 2013-11-13 21:48

Admito que o vereador feche durante quatro anos o escritório para não aceitar projectos para qualquer ponto do país de modo a que os mafiosos não lhe entreguem projectos nos Açores, por exemplo, para "cobrarem" tratamento especial no Porto noutros projectos. Era assim que se fazia quando a construção estava em alta. E se não fechar? Vai ser difícil porque a firma é em comum com os filhos, três, um dos quais é arquitecto, e porque a firma se dedica também à promoção imobiliária. Nem no tempo da dupla dos irmãos Gomes foi possível ter um vereador arquitecto e promotor imobiliário. É o sonho de qualquer promotor imobiliário "tout court".

Não se trata de suspeita de corrupção. Trata-se de saber como o vereador pode resolver os casos em que o filho apresente projectos seus na CMP. Vai delegar no director. Isso chega? O director, se não delegar, vai estar em condições de despachar sabendo que o projecto é do filho do chefe? E todos os funcionários, arquitectos ou outros, que intervierem na apreciação desses projectos estarão à vontade mesmo que ele diga que estão proibidos de fazer fretes? Saberá ele como estão fossilizados os serviços? Se sabe, deve saber, pensas que vai por as coisas direitas ou submeter-se, como os outros, aos poderes instalados nos serviços? Pelo que não fez na Ordem dos Arquitectos e quando foi assessor na CMVNG tenho o direito de pensar que vai deixar tudo mais ou menos na mesma, pretendendo que, com a sua entrada, as coisas entrem nos eixos com algumas medidas avulsas sem terem um plano sólido que as suporte. Não me parece que seja o homem de que o Rui Moreira precisa. Leste as crónicas dele no JN? São politicamente correctas, claro, só que não denunciou os vícios dos procedimentos da CMP nem os da Ordem dos Arquitectos de que é presidente da assembleia geral. Nem as barbaridades da legislação que gere o urbanismo. Fazendo parte dos corpos directivos da Ordem e exercendo a profissão liberal, tem a obrigação de saber que a Ordem, pelo menos no Porto, é um covil de malfeitores(as) que não trata dos interesses da classe e deixa tudo ao Deus dará de modo a que quem lá está tenha contactos privilegiados com os vários poderes.

Quanto à CMP: precisa de uma boa barrela, para o que ele MCF necessita de já saber como e onde actuar. Com o perfil de boa pessoa politicamente correcta que se lhe conhece não vai ter coragem para combater e vencer os poderes instalados. A burrocracia e a falta de preparação evidente dos "técnicos" que apreciam os processos (serão projectos?) vai prevalecer. Se teve, ou ainda tem, um "pulpito" (o JN) para poder defender a cidade e combater as más práticas, não creio que tenha arriscado a tomar posições contundentes para com essas más práticas. Dirás ou alguém dirá. Tendo sido chefe na FAUP, que fez ele nessa qualidade para que essa escola tomasse posições sobre os PDM e as práticas da CMP no que à cidade e aos cidadãos dizem respeito? E pessoalmente? Conhecemos as suas participações nas discussões públicas do PDM? O que se sabe é que foi o responsável executivo pelo "Programa de Reabilitação e Revitalização Urbana da Baixa do Porto" no âmbito da Porto 2001 que foi um desastre. Terá melhorado nestes últimos dez anos ou "empartidou"? E textos, mais profundos que aquelas crónicas no JN, teses ou livros? Que fez ele para se poder saber o seu pensamento sobre estes assuntos? Mesmo as crónicas do JN, que saiba, não as compilou, corrigiu, completou e publicou.

Não é a fazer processos de licenciamento que um técnico autorizado a fazer disso profissão vai ganhar lastro para ser vereador. Poderia"na cidade" fazer uma carreira política em que sobressaísse a sua vontade de mudar as más práticas. sejam elas vindas das leis e regulamentos, sejam vindas das manobras habilidosas, maldosas e prepotentes dos analfabetos(as) que participam na apreciação dos projectos (e respectivos directores e vereadores impreparados como eles) que, mesmo que quisessem, não poderiam fazer trabalho útil porque têm de interpretar leis e regulamentos sem terem competência para tanto. O facto de aceitarem esse trabalho para o qual sabem que não estão preparados dá bem a ideia de como os serviços estão providos de "técnicos" e do grau de honestidade deles. Acho que o MCF não vai enfrentar esta imperiosa necessidade porque é um "bom rapaz".

Não, meu caro. Um profissional bem comportado, que tem feito a sua vida como ele tem feito a sua, não é seguramente pessoa que te possa dar segurança de que é competente para as tarefas que obrigatoriamente a situação da CMP e da cidade precisam urgentemente. E só sei da missa... qual metade! Umas migalhas...

JPV