De: Augusto Küttner de Magalhães - "A Praga – Cinema Passos Manuel - 28.09.2013 - 21H00"
La Plaie, um documentário francês feito na cidade do Porto e falado em português, sobre a praga (la plaie), as gaivotas, que invadiram e invadem muitas das nossas cidades, e no caso concreto o Porto. “Neste documentário inquieto, a cidade do Porto revela os seus medos e fantasias através das suas lendas animais. O filme A Praga captura rumores em redor da cada vez mais ameaçadora presença das gaivotas na cidade e segue o percurso singular de José Roseira, um portuense em busca de histórias. São muitas histórias contadas pelos habitantes… Assistimos a uma batalha entre o homem e o animal, reveladora de todas as animalidades.”
Tive uma pequeníssima participação, filmada, mas que não foi exposta, mas foi referida no final do documentário, razão por estar presente, por convite, nesta pré-apresentação, dado em 2012 ter escrito – ano da rodagem do documentário - umas linhas que foram publicadas, dai o José Roseira me ter contactado, sobre a agressiva invasão de gaivotas no Porto e pelo Porto adentro, instalando-se em toda a cidade, por todo o lado fazendo ninhos, no Cento Histórico e não só, com todo os inconvenientes que daí nos advém. Interessante e oportuno este documentário, por ter sido feito por dois franceses Heléne Robert e Jeremy Perrin, com a participação permanente do José Roseira. Feito no Porto, pelo Porto e referindo a praga das gaivotas, a desastrosa desertificação do centro histórico do Porto e até da Rotunda da Boavista. E a tomada desses espaços pelas gaivotas.
Curioso que uma habitante do Porto que fala no filme diz que quanto mais conhece as pessoas mais gosta de animais. Todos nos lembramos de alguém que disse “quanto mais conheço os homens mais gosto de cães”. Como é evidente o ser humano tem tudo para ser o que não é – cordial e construtivo -, e por norma faz mais mal do que bem, mas evidentemente, nos animais mandamos dominando-os com alguma alimentação e abrigo, e não seria isso que gostaríamos de fazer aos nossos semelhantes, que por vezes são-nos bastantes menos cordiais e afáveis. Pena estes temas não serem mais abertos à sociedade civil, uma vez que passam totalmente ao lado dos políticos, e pena a nossa comunicação social não saber, querer ou conseguir estar mais atenta e participativa nestas abordagens, e como sabemos não acontece, e não parece vir a acontecer.
Por certo, até pela crise, o Homem está a tomar como essenciais e primordiais instintos animalescos de sobrevivência a agressividade e deseducação tal como as gaivotas, em protecção do território que invadem, no caso o Porto. Esperemos, ainda, todos querer ajudar a recuperar bem o Porto, algo perdido, abandonado, desertificado e reenviar as gaivotas ao seu espaço que é o mar e não as cidades.
O Cinema Passos Manuel já foi um local, muito divulgado, de bons filmes, mas no dia 28.09.2013, entre as 20h30 e as 23h30, foi um espaço com muita gente nova, muita atenta, muito interessada, muito curiosa a ver este filme/documentário. De seguida foram para um espaço perto de jovens e para jovens. Claro que m/ mulher e eu, sexagenários e ainda não tendo perdido a noção dos tempos e das idade, fomo-nos embora não sem antes dar um abraço ao Roseira e à Heléne Robert. Um bom trabalho feito no Porto. Venham mais, e façamos todos mais por nós, pelo Porto, pelo futuro com futuro, pelas e com as pessoas!