De: Augusto Küttner de Magalhães - "O que não aconteceu nestas autárquicas?"
Estas autárquicas foram uma forma de os principais partidos políticos continuarem a digladiar-se em vez de mostrar que o não faziam. Tornaram-se, em vez de momentos em que cada candidato a cada autarquia - que a nível de Câmaras continuam a ser o dobro do que deveriam ser - deveriam saber e querer explicar-nos o que iriam construir – com pouco dinheiro – sem ser rotundas com muita tralha dentro, foram, antes, momentos de dizer quem é mais alto, ou mais baixo, ou mais atraente, ou não político de serviço imortalizado, como o outro. Não se quiserem instituir tempos que não são necessários de televisão, já chegam os excessivos em que o chefe de cada Partido foi às diversas localidades dizer mal do chefe do outro partido. Teria sido necessário cada candidato falar de si e por si, quanto ao que iria ter de fazer na sua localidade a nível de transportes, água, luz, escolas, habitação e emprego. Teria de ser cada um a dizer como fazer muito, com pouco. A dar ideias construtivas para o poder local, de facto ser um “poder com poder”.
Bem, nada disso foi feito. E perdeu-se tempo a dizer mal uns dos outros, algo em que estamos peritos. Somos tão bons no maldizer! A falar de défice do País, dos estafermos da troika que andam lá pela Capital do Império às ordens da Sra. Merkel que, como era de esperar, continua a mandar. E andaram todos – candidatos e recandidatos - no disse que disse, e não devera ter dito. E não esquecer os partidos que não quiseram os que já lá estavam, alguns até a fazer bom trabalho e ainda não dinossauros - antes encaixaram os necessários “meter“, os da conveniência do chefe do partido do momento. E não os melhores para o lugar e autarquia! E ficaram sempre mal no retrato os Partidos, quando a democracia com eles se constrói, aqui se destrói. E o poder local nada ganhou com esta trapalhada. Nem o País, nem os partidos, nem a democracia.
E depois das eleições, ganhe quem ganhar em cada localidade, pouco para melhor vai mudar, tudo vai na mesma continuar, com o défice e a divida sem solução, apesar de nestas autárquicas ter sido o centro da discussão. Os “lá de fora”, que até nos emprestam dinheiro, a assumirem-nos cada vez mais doidos, e nós os “cá de baixo” a viver pior a cada dia que passa, uma vez que os “lá de cima” estão a não saber, faz tempo de mais, fazer o que deveria ter que ser feito. E se calhar seria bem aconselhável – mas não realizável - irem-se todos - esses - embora e dar lugar a cabeças mais arejadas e mais interessadas no País, nas populações, e nas localidades.