De: Augusto Küttner de Magalhães - "O arrendamento tardio estagnou, também"

Submetido por taf em Sexta, 2013-09-20 15:53

Estamos a conseguir não saber resolver tudo o que se achava que já deveria ter de estar resolvido. E com soluções amorfas com muitos letrados a fazer que fazem, como as que têm vindo a ser tomadas, vamos de mal a pior. Não se quis apostar – faz décadas – no verdadeiro mercado de arredamento imobiliário, ora para proteger senhorios, depois para salvaguardar inquilinos, de seguida para a banca poder emprestar dinheiro a rodos incentivando a compra de habitação, por quem não estaria em condições de o fazer, mas tendo casa própria que irá ser paga até ao fim da vida, e nunca poderá ser utilizado como um bem transacionável dado ser a habitação, se lá chegar.

Pelo meio, tantas e tantas pessoas deixaram de poder cumprir – evidentemente – com os seus compromissos com os bancos, perderam tudo o que já lhes haviam pago – aos bancos - e a habitação, também. E os bancos estão, depois do apogeu e glória, em declínio com a troika à perna. Mas foi-se sempre arranjando forma de dar saltos impensados para a frente, e agora estamos totalmente encravados. A compra e venda de habitações parou, e em simultâneo o arrendamento que nunca chegou de facto a sê-lo, está na mesma situação, estagnado.

Haverá sempre quem tenha de arrendar para habitar, por ter ficado independente, por - não tão facilmente – querer deixar a casa dos pais, por mudar de localidade de residência, e por divórcios e outras razões de todos conhecidas. Mas, como se tem andando e continua à volta dos problemas olhando para o lado e assobiando, dramaticamente continuamos a não querer – ou saber, talvez – encarar de frente a única via possível neste tempo para o imobiliário, que é o arrendamento. Claro que há uns angolanos e outros chineses que compram, mas não chega.

Se se não criarem verdadeiras medidas de incentivo à procura e a oferta no arredamento, vai ser mais uma área liquidada. A fechar. Se não houver uma total abertura para quem arrenda declarar que o faz – quantos o fazem ainda por baixo de mão - , mas sem ser demasiado espremido com impostos. E não se sabe seriamente combater a fuga a impostos, por cá. Mas tantos entendidos estudam tanto e depois não resulta, e volta-se ao início e vai nova ronda de disparates. Se se continuar a esmagar os rendimentos de trabalho, as reformas e pensões e tudo o que seja receber justamente para bem aplicar e consumir, vamos ficar tão contentes ao nível do Bangladesh. Se não se olhar, já, não amanhã, é tarde, para esta situação gravíssima, vamos começar a ter dentro de pouquíssimo tempo cada vez mais imóveis vazios, não só por não serem comprados/vendidos, como por não serem arrendados.

E como não vai ser possível exportar este imobiliário com as pessoas que são obrigadas a emigrar ou com o que se produz para exportação, isto vai acabar pior do que está. E não se criem mais grupos para analisar o que está mais que analisado, faça-se o que deve ser feito enquanto é tempo, se tempo ainda é, com trabalho e bom senso.