De: Luís Gomes - "As listas e as propostas (ou promessas)"

Submetido por taf em Domingo, 2013-08-11 23:43

Uma vez entregues as listas, torna-se agora um pouco mais claro o posicionamento de cada um dos 3 candidatos.

LFM
O mais mediático de todos, LFM tentou passar a ideia de uma lista de coligação de direita. Terá sido um esforço colocar nomes do CDS para compensar a ausência de muitos apoiantes no PSD? Mas se bem tentou, pior o fez: segundo o Público, a n.º 3 da Lista apresentada como sendo do CDS, nem filiada no partido era. Sobre ela Menezes disse: «é, desde há muitos anos, um rosto de um conservadorismo progressista ligado ao CDS de Freitas do Amaral, de Amaro da Costa e de Basílio Horta». Quanto aos outros candidatos: Amorim Pereira e Ricardo Almeida, não faço qualquer comentário. Destaco apenas um aspeto positivo que é o Ricardo Valente. Enquanto seu ex-aluno, reconheço-lhe boas capacidades, conhecimento e experiência. Quanto às promessas, é o candidato que vai sem dúvida na frente. Creio contudo que as suas prioridades não são as prioridades do Porto: nomeadamente as pontes (o túnel da Foz...) a reconversão dos lugares públicos em Luna Parks, Central Parks e La Defenses... entre outras propostas.

MP
As listas são 'fraquinhas fraquinhas'. O ex-deputado, o ex-presidente de junta, o ex-vereador, o JS, enfim tem pouco de independentes e de abertura à sociedade. Depois o candidato escuda-se sempre no tema da ação social e daquilo não sai. Prometeu que os filhos dos atuais moradores nos bairros sociais terão direito a inscrever-se para usufruir de uma casa camarária. Parece-me um mau principio. As casas da Câmara deveriam servir para acolher situações de carência económica, não devendo por isso serem usadas como que se de um direito sucessório se tratasse. O Estado já promove (e deve continuar a promover) políticas de ação social que por sua vez promovem a progressão social. Ora, os filhos dessas famílias que conseguirem se formar e desenvolver uma carreira profissional devem ser responsáveis pelo garante das suas condições de vida, nomeadamente em termos de alojamento, não esperando assim não ter de 'lutar' para pagar uma casa (própria ou arrendada) como qualquer outro cidadão faz. Já sabemos que 29% dos residentes no Porto são beneficiários do RSI (fonte: Pordata), mas não podemos dar mais importância ao tema do que a importância relativa que o tema já nos merece. A diminuição de beneficiários passa por políticas de apoio à criação do emprego, requalificação profissional através da formação entre outras. Mas a esquerda 'teima' em dar o peixe em vez de dar a cana. Ainda sobre as listas destaco uma referência à lista de Manuel Pizarro que li no Porto 24: 'Licenciado em Sociologia, o actual deputado municipal, de 29 anos, será a “aposta” do PS para relançar a “economia do Porto”, uma das prioridades da candidatura de Pizarro.' Parece-me bem que aposte em jovens nas suas listas, mas parece-me exagerado dizer que um jovem com 29 possa ter experiência suficiente para poder ser a aposta do candidato para a relançar a economia da cidade.

RM
Finalmente, o candidato dito independente e que, a meu ver, foi conseguindo separar as águas do CDS. Foi, até à apresentação das listas: segundo o que nos foi dado a conhecer, apresenta para seu n.º 2 um elemento do CDS (que curiosamente ocupa um cargo designado pelo atual governo) e na A.M. idem aspas. Se Rui Moreira se eleger a si e a mais 2 candidatos da sua lista, estaremos a eleger dois ex-vereadores de Rui Rio (um CDS e outro ex-PSD). Especificamente em relação à Assembleia Municipal, observo que 5 dos 6 atuais eleitos do CDS apresentam-se novamente na sua lista. Parece-me igualmente um mau princípio dar tanto espaço a um partido que se associou ao movimento. Melhor exemplo deu Guilherme Aguiar, que reservou para si a escolha dos 5 primeiros nomes à A.M. de Gaia e abriu os restantes lugares à escolha dos gaienses. Quanto às propostas em si é, dos 3 candidatos, o que ainda deu menos visibilidade às suas propostas. Não obstante, creio que poderá ser o candidato que poderá apresentar as propostas mais sérias, realistas e que realmente servem os interesses dos portuenses. A sua formação, o seu carater, a sua experiência profissional e a experiência que foi adquirindo nos cargos que ocupou, fazem-me acreditar nisso mesmo.

Nestas últimas semanas de campanha, gostaria de ver menos bailes e arruadas e mais debate sobre o futuro desta cidade, nomeadamente:
- Mobilidade: política de transportes, corredores BUS, a extensão de horário do metro, o papel dos elétricos, o estacionamento na baixa (veja-se o problema que o TAF aqui nos trouxe);
- Economia: que políticas de promoção do emprego para os jovens e os 17% de desempregados, como dinamizar a indústria e os serviços dentro da cidade, como atrair empresários / eventos / congressos para o Porto, como transformar o Porto num destino de moda, num destino turístico de excelência, qual o papel das juntas na promoção de atividades para os jovens e os idosos;
- Habitação e Edificado: políticas de arrendamento para os jovens, sim ou não à venda das habitações sociais aos atuais inquilinos, como continuar a melhorar as condições de alojamento nos bairros sociais, sim ou não à promoção de cooperativas de habitação, como obrigar os senhorios a recuperar ou a vender o património desocupado na cidade, qual o futuro modelo para a SRU;
- Cultura e Desporto: como dinamizar os agentes culturais e desportivos da cidade sem criar subsidio-dependências, como fomentar a relação dos portuenses com os equipamentos desportivos da cidade, qual o enquadramento dos museus, palácios, igrejas e outros locais de interesse artistico-cultural na promoção da cidade, como fazer acontecer a Feira do Livro, o Fantasporto etc..;
- Espaço Público: como devolver os espaços públicos ao usufruto dos cidadãos? Como colocar o Palácio de Cristal, o Parque da Cidade o Parque Oriental (entre muitos outros) ao serviço de todos nós? Como dinamizar os mercados as feiras e as praças para gerarem emprego e a dinamizar a nossa economia?

Nos últimos anos, os portuenses foram capazes de pôr o Porto a fervilhar (muitas vezes sem qualquer apoio municipal no arranque desses projetos): o Mercadinho dos Clérigos, o PortoBello, o FleaMarket, o WeLovePorto, o Plano B, as Galerias de Arte de Miguel Bombarda entre tantos outros bons projetos que aqui poderia enumerar. Os portuenses são capazes, e mais capazes poderão ser, se as entidades municipais fomentarem e apoiarem esse espirito empreendedor!

Agora é hora de ouvir os candidatos, e pô-los à prova: exigir, pedir explicações, esclarecimentos, elevar a campanha para um patamar que a todos os portuenses verdadeiramente interessa.