De: Alexandre Burmester - "Sabotagem a passos simples"
Caro Tiago
Bem vindo a saborear no corpo as opções urbanísticas de quem dirige, sei lá o quê que lhe chamam, “Urbanismo”, “Gestão do espaço público”, “trânsito”, enfim aquilo que nos é comum a todos na Polis. Farto-me de, por aqui e por outros sítios, vir dizendo que quem desenha hoje em dia as nossas cidades, assim como o próprio País, são uma tribo de engenheiros de sistemas viários, que infelizmente devem basear a sua escola não sei em que fundamentos, mas que a todos faz sofrer na pele, no corpo e no bolso, os seus resultados.
Não é só a falta de estacionamento e o entendimento das funções básicas de habitar do centro histórico, não é o actual desenho implementado nas vias circundantes, após as onerosas e necessitadas obras, de que resultaram uns vasinhos esquisitos na entrada do túnel e uma patetice de acessos e de circulação. É o trânsito do centro do Porto, é a circulação na Rotunda e na Boavista, é uma barreira denominada de VCI, é uma Circunvalação amedrontadora, são as ruas de sentido único que terminam na contramão..., são tantos os exemplos que nem perco tempo em enumerar, mas que infelizmente transcendem para fora da cidade e se estendem às vilas e pequenas cidades, nas suas curiosas rotundas e circunvalações, nas opções de estradas e de auto-estradas paralelas entre si, são as famosas opções dos aeroportos, dos infinitos traçados de TGVs, das pontes endereçadas a Metros que demoram infinidades de tempo a chegar a seus destinos mas que rompem e destroem as malhas urbanas.
Infelizmente o Planeamento e o Urbanismo não são escolas nem exemplos deste País. Exercidos por engenheiros que tiram uns “Pós” de graduação a seguir a uns cursinhos de qualquer coisa e por uma classe de políticos parolos e deslumbrados que querem deixar marca por onde passam. (E que marcas não temos todos que pagar pelos próximos anos...)
Independentemente destes “gestores” serem mandatados para gerir, manda a Lei fazer “Consulta Pública” e manda a boa prática de gestão consultar as pessoas sobre certas opções. Por isso nem que eu quisesse acreditar na fórmula de representação, não me consigo rever nestas classes de incompetentes, prefiro que sejam constantemente obrigados a consultar e a serem escrutinados. Farto estou eu deste País que se gere de rédeas soltas.
Nota:
Como se vê pelo exemplo do Pedro Figueiredo, o arranjo da Boavista nem requer grandes estudos, nem grandes gastos. Bastaria aumentar os passeios, colocar umas árvores, retirando de lá o “lixo” que de certeza o arranjo em curso por lá vai colocar. (Mais um projecto sem qualquer consulta pública). A propósito, percebo que o Pedro tenha nas suas fantasias de esquerda a ideia que as “coitadas” das Mulheres a Dias que serviam a Foz seriam provenientes dos arrabaldes do Porto, mas ficaria admirado de saber da quantidade que mora lá.