De: Augusto Küttner de Magalhães - "Ainda as corridas de automóveis no Porto"

Submetido por taf em Domingo, 2013-06-02 01:26

Assumindo a minha burrice, volto às corridas de automóveis na cidade do Porto no ano de 2013. Voltando a frisar que gosto muito de automóveis e de corridas, mas claro muito modestamente! Mas chega-me.

Finais de Maio de 2013 já está tudo montado para as corridas a realizarem-se em Junho e Julho. E se alguém vindo de fora um pouco alheado deste nosso País em que estamos atolados der uma passeata pelas vias onde irão decorrer as ditas corridas, pensará que estamos num País sem qualquer problema de dinheiro. Bem pelo contrário. Tudo é próspero para as corridas, e tudo o mais em beleza. Mas se esse alguém for um de nós, que não anda – infelizmente - tão distraído com a realidade amarga deste nosso País, fica talvez apalermado. Mas acho que o problema é meu, logo deixará de ser problema. Sendo que a cidade do Porto está a abandonar-se a cada dia que passa. Mais lojas a fechar, mais casas vazias, mais buracos nas ruas, mais tampas de saneamento desfeitas, mais falta de policiamento de proximidade, mais pobreza, mais desemprego, mais desalento. Mas temos as corridas.

Claro que este mesmo circuito que antes vinha até à Avenida Antunes Guimarães, já o foi, em tempo de ditadura, em tempo de Salazar. Mas era um tempo de falta de liberdade, e em que se calava para não sofrer represálias fortes. E uns quantos, mesmo à borla ou a baixo custo, íamos vendo os carros a correr! Hoje faça-se, até de mais, dizendo de menos. Mas de facto gostando de automóveis, gostando de corridas, gostando de ver acelerar, penso que esse dinheiro teria melhor utilização, em tempo de tantas crises. E se não é gasto dinheiro nosso, e é pago por quem quer que seja, mesmo assim, em determinados momentos, as atitudes devem-se coadunar com o momento e o momento é dramático. E se construíssemos automóveis – nossos, não alemães, só! - ou motores nossos, ou o que quer que fosse de bens transacionáveis, nossos, que “ali” fossem vistos para depois serem vendidos, era brilhante, mas não é o caso. Pena nossa.

E mesmo gostando-se de automóveis, mesmo – se for o caso – que não gastemos dinheiro do nosso, mesmo tendo havido corridas similares no tempo de Salazar, algo de mais construtivo a bem do nosso futuro consistente e esperançoso deveria ter de ser feito. Ou não, e vamos sufocando a cada dia que vai passando. E até lá de Futebol, e corridas de automóveis, e tudo mais que já havia em ditadura, venha… Até mais não… e pronto!