De: Pedro Figueiredo - "Cartas Armadilhadas"

Submetido por taf em Sábado, 2013-06-01 23:33

O que é que cada um dos subscritores da carta de “Rui Rio, o reabilitador urbano” têm feito pela reabilitação urbana propriamente dita? Aqui deste podium de treinadores de bancada consigo dizer que se salvam Germano Silva, Hélder Pacheco e Manuel Correia Fernandes, cada qual pelas suas qualidades, inteligência crítica, dedicação à cidade e às inúmeras causas do Porto, incluindo a sua História, Arquitectura e Urbanismo…

Não se salvam:

Américo Amorim – Grande investidor imobiliário e financeiro, a sua noção de reabilitação urbana só pode ser a mesma que levou - muitíssimo erradamente – a SRU a intervir em grande escala, qurteirão a quarteirão, e não lote a lote ou dois em dois lotes… Isso seria para os pequenos investidores, seria a escala do pequeno investidor, não a escala do tubarão que é a ideia de “reabilitação” da SRU de Rui Rio, contra a escala da cidade e dos “pequenos”.

Belmiro de Azevedo – Os seus shoppings de periferia apoiaram de tal forma a sub-urbanização do Porto que foram causa de declínio do pequeno comércio urbano dos últimos 30 anos. Agora, não contente, e já com o mundo a acabar, detém uma rede de médias lojas de bairro para melhor mandar à falência as mercearias que ainda sobram. Reabilitação Urbana?

Fernando Gomes – Apesar de ter sido bem melhor mayor que Rui Rio (é bem fácil ser-se melhor que Rui Rio), a política de terciarização da Baixa especializou o edificado e expulsou habitantes. Que reabilitação defende alguém que permitiu a ilegalidade da torre do Bom Sucesso, mais conhecida como “ a ainda-não-demolida”?

António Mota – Cujo conceito de reabilitação urbana está bem expresso no “novo” mercado do Bom Sucesso, agora propriedade da sua fundação… Expulsar os comerciantes de frescos e encher uma belíssima nave classificada de metros quadrados de construção de hotel, estacionamento e shopping.

Ludgero Marques – Para quem será a reabilitação urbana de alguém que defende que os cidadãos tenham salários mais baixos? ”Empreendam, empreendam”, mas com que guito?

Fernanda Menezes (STCP) – Mais um pseudo-concurso de arquitectos para show-off e que não é para fazer, nem será, que foi o concurso para a reabilitação do Museu do Carro Eléctrico – Magnífico edifício, excelentemente ganho por um excelente projecto de um jovem arquitecto alemão (* o último concurso em que participei).

Miguel Cadilhe – O Tiago Azevedo Fernandes ainda não percebeu que a génese do Capitalismo Financeiro – uma vez chegado ao estádio mais alto – é acumular para não investir! Se de início ”o motor do capitalismo é o lucro” (Marx), uma vez obtido esse lucro, esta gente deixa de investir e põe-se ao fresco. Como esperas Tiago que Cadilhe, por exemplo, invista no Porto? Por outro lado a austeridade do governo que apoias é uma das causas de pequenos e microinvestidores que conheces bem (tu próprio?) não tenham guito para empreender uma palha… ”Empreendes” o que te quero dizer?

Manuel Clemente e Lino Maia – A Igreja e a Misericórdia são quem mais detém património abandonado e devoluto, em conjunto com a CMP. E deixar ocupar edifícios a quem não tem tecto - assim mesmo, de graça - para ir reabilitando devagar e aos poucos, mas com gente dentro? Não era Cristão? Quantos sem-abrigo tem o Porto a dormir ao relento, fora das portas e janelas entaipadas?