De: José Ferraz Alves - "Mercado do Bolhão"
Não posso deixar de comentar o estado de vergonha e abandono a que chegou este espaço nobre da nossa cidade, mostrando uma gestão camarária que, aqui, foi muito incapaz e insensível. Sobretudo, lamento a perspectiva como se coloca a questão do financiamento da sua reabilitação. Os vendedores não têm de pedir nada. Quem está em falta para com eles é a própria gestão camarária e, em última instância, os portuenses. Não falo do coração ou alma, mas mesmo de questões económicas e financeiras.
O Bolhão gerou as receitas suficientes para que as obras fossem feitas. Outros beneficiaram. O problema resulta das contas do Bolhão não aparecerem autonomizadas nas contas da Câmara. Um gestor que conheça a realidade da vida empresarial seria o que faria. As principais infra-estruturas municipais deveriam ter contas próprias. Depois, falaram em lógicas de centros comerciais. Mas a única que aqui interessava conhecer, quando se fala de centros comerciais, é a aplicação do seu modelo de gestão corrente - com um Director como Manuel Pizarro agora sugere - e de financiamento, adoptando o Project Finance, que o paga com as suas próprias receitas.
Falou-se em 20 milhões, com 14 milhões da venda de acções do Mercado Abastecedor, indemnizações a receber um dia em tribunal, e mais uns trocos. Isto é mesmo arcaico e livresco. 8 milhões de euros implicam uma renda mensal financeira de 55 mil euros (a 20 anos e taxa de juro de 4,5%) que dá um custo de 125 euros/mês por cada um dos 300 postos de venda e 250 para as lojas externas. A 30 anos, possível, seriam 40 mil euros, 100 euros por posto de venda e 200 em rendas de lojas. As rendas pagas pelos lojistas e arrendatários pagam, e pagavam, as obras, tivessem sido consideradas no âmbito do mercado e não afectas a outras necessidades.