De: José Ferraz Alves - "O coração de D. Pedro"
É agora do conhecimento público a intenção de uma historiadora brasileira “querer de volta para o Brasil o coração de D. Pedro”, para investigações do teor da sua morte.
Do site da Câmara Municipal do Porto: «D. Pedro IV ficou na memória dos portuenses como símbolo de liberdade, patriotismo e força de vontade que, desde sempre, moveu a Cidade e os seus habitantes. A participação e o grande envolvimento da Invicta nas lutas liberais (1832-1833), sensibilizou particularmente o monarca. Entre o Verão de 1832-1833, a cidade sofreu enormes privações. Um ano de destruição física e moral que terá sido reconhecido, pelo Rei Soldado. A grande empatia e gratidão que sentia pelo Porto, leva-o, logo após a vitória liberal, a honrar a cidade com a sua visita. O período de permanência na urbe (26 de Julho a 6 de Agosto) foi preenchido por diversas cerimónias civis, religiosas e militares. Destaca-se a entrega das chaves da Cidade, pelo presidente da Câmara, à Rainha. A cerimónia terminava com uma oração de graças e um "Te Deum", na Igreja da Lapa. É também nesta Igreja que, em 1835, por vontade testamental, o seu coração foi depositado.»
O coração está à guarda do Presidente da Câmara do Porto e da Irmandade da Igreja da Lapa, que espero saibam representar os sentimentos dos portuenses, a quem o coração foi doado. Por isso, como cidadão, sugiro que a senhora investigadora venha cá, para estudar o coração, em parceria com a Universidade do Porto. E agradeço a esta historiadora e ao Brasil terem-nos alertado para esta situação e do seu interesse por um soberano incomum e que soube superar a sua própria morte. Que cidade mundial pode apresentar como seu património o verdadeiro amor de um soberano, representado pelo seu coração? De um rei tão crucial para a História de Portugal e do Brasil?
De acordo com dados do Turismo de Portugal, o Norte teve 500 mil hóspedes no primeiro trimestre de 2012. Dado que há uma permanência média de 1,9 dias na Região, e mantendo para o resto do ano a mesma proporção, o Norte foi visitado em 2012 por pelo menos 1 milhão de pessoas externas à região. Do conhecimento que tenho de projectos de animação virtual e cinematográfica para museus, 500 mil euros (com apoios de 65% de fundos comunitários, não considerados) seriam suficientes para a construção, na Igreja ou nas instalações militares adjacentes, de um enquadramento apelativo e moderno à personalidade e história de D. Pedro, e muito virada para novo fluxo de turistas, vindos do Brasil. Os custos correntes/ano (pessoal, segurança, investigação e manutenção) não seriam superiores a 450 mil euros. A renda financeira associada ao investimento inferior a 50 mil euros. A existência de instalações militares próximas ajuda à logística e à segurança. A requalificação pedonal adjacente, mais um contributo para o projecto.
Se existente um Museu na Igreja da Lapa associado à memória de D. Pedro e da época em que viveu, a cobrar uma média de 10 euros por vista, as receitas seriam de 10 milhões de euros/ano, para o milhão referido. Mais de 9 milhões de euros/ano ficariam disponíveis para as obras de reabilitação do património religioso, inclusive da nossa Igreja dos Clérigos. Quem tem uma renda anual assegurada de 9 milhões de euros, pode assegurar imediatamente um crédito de 150 milhões de euros. Isto é o empreendedorismo social, a capacidade de criar receitas sem recorrer à caridade.
Não nos podemos limitar a reivindicar dinheiro destes e daqueles. Temos as condições para o gerar, internamente. O coração de D. Pedro deve estar no roteiro de visitas que os nossos irmãos brasileiros fazem crescentemente à Europa. D. Pedro doou o seu coração grato e para ajudar o Porto. E escrevo esta proposta, sabendo que só encontrarei num dos candidatos à Câmara do Porto a mui nobre e leal humildade de saber escutar e fazer o que o Porto lhe pede.
José Ferraz Alves
Movimento Partido do Norte