De: Alexandre Burmester - "Propostas para a cidade do Porto"
De uma maneira geral, as cidades portuguesas que foram objecto de desenvolvimento e crescimento nos últimos 20 anos, cresceram demasiado mal e sem recurso a um planeamento capaz de dar resposta cabal às suas necessidades.
Os Planos Directores Municipais se por um lado não deixam de significar uma forma de planeamento, são essencialmente instrumentos legislativos que servem basicamente para limitar perímetros urbanos, determinar usos e quantificar capacidades de construção sustentados em conceitos na sua maioria errados, onde se privilegiam os traçados viários e os zonamentos de mono-usos. A sua mais-valia serviu essencialmente por transportarem consigo uma discussão de cidade e proporcionar uma leitura dos espaços públicos que habitamos.
Os P.D.M.s, de uma forma geral, não foram nem têm sido os instrumentos capazes de resolver e adequar o desenvolvimento das cidades. São cada vez menos os instrumentos mais adequados para responder ao Planeamento urbano e cada vez menos a sua base de gestão. O resultado prático encontra-se patente e é repetido na maioria das cidades portuguesas, no que resta dos seus núcleos históricos, nas suas periferias, e ainda nos seus espaços rurais: na qualidade das Comunicações / Infra-estruturas / Equipamentos / Espaço público / Arquitectura de edifícios / Património e, no geral, no que representa a sua qualidade de Vida.
Muitos exemplos poderiam ser aqui explanados, que não interessa agora particularizar, porque é sobre o Porto cidade que versa este texto e o seu estado como cidade responde por si como um bom exemplo do que foi anteriormente dito. Porque é tempo de repensar e de reinventar, nesta fase muito própria da crise em que vivemos, onde as palavras de ordem são a austeridade e a sustentabilidade e porque, mais do que isso, é necessário repensar a cidade, que definha a olhos vistos, fruto de maus instrumentos de gestão e de má ou pouca estratégia, proponho aqui vir dar algum contributo não apenas na forma de interpretar o espaço em que vivemos, mas mais do que isso propor soluções e formas de intervir.