De: Alexandre Burmester - "Vistas curtas e pequenas, pequeninas, ... , vistinhas."
Como é do conhecimento geral, com a crise actual o mercado imobiliário estagnou, sendo que por esse motivo muitos dos empreendimentos e construções encontram-se parados, com os seus promotores em estado de desespero e como os seus financiadores com os nervos à flor da pele. O crédito mal parado e os bancos enchem-se de imóveis, uns acabados e outros ainda em construção. A actual legislação de construção e urbanismo, feita para países ricos e por gente que não faz ideia sobre a realidade da vida, faz com que a maioria destes imóveis se encontrem ilegais e na maioria dos casos sem viabilidade de legalização.
Têm aqui um papel preponderante as Câmaras que podem ou não consoante a sua estratégia facilitar processos e dar uma ajuda a tanta gente em estado de desespero. De uma maneira geral as autarquias têm ajudado, aprovando e legalizando construções antigas sem certificações sem sentido e sem cumprimento da legislação actual. Têm especialmente permitido que os alvarás de construção e as aprovações de projectos sejam prorrogados, mantendo os direitos adquiridos. Naturalmente que muitos empreendedores que andaram, anos a fio, a bater todas as capelinhas dos processos Kafkianos de aprovação de projectos, tendo-os agora aprovados não pretendem começar a construir, contudo querem poder manter esse direito, não só como valorização do património, como para mais tarde o poderem fazer.
Como disse anteriormente, a maioria das Câmaras assim o faz, ajudando empresas, bancos e até a própria burocracia. Contudo, como não podia deixar de ser, a Câmara do Porto tem uma atitude diferente, não prorroga os prazos. À semelhança do País, esta Câmara há muito faz uma gestão de carácter apenas economicista, o que pouco serve às pessoas e apenas aos seus números contabilísticos. Igual ao slogan que por aí anda que refere que a economia devia estar ao serviço das pessoas e não dos números. Mas falta de visão e estratégia não é nada de novo. Como diz também o ditado para grandes gestos (que nem grandes são), grandes pessoas.
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No dia 24 deste mês, parei o meu carro por breves instantes em cima de um passeio, ao lado de outros em nada incomodando. Para meu espanto, 10 minutos passados não tinha um carro da polícia mas dois. Rapidamente percebi que estava no passeio defronte da casa do Presidente da Câmara, quem muito rapidamente chamou a polícia. Para pequenos gestos, pequenas pessoas.
Bom Ano Novo