De: Pedro Figueiredo - "Mudar o mundo, acabar com a pobreza (ou seja, com a riqueza)"
Sr. Augusto Küttner, José Ferraz Alves, Pulido Valente e Alexandre Burmester
Não há banco (social) ou banco (de fomento) ou banco (alimentar) que, por decreto, acabem com a pobreza (ou seja, com a riqueza). A sociedade fabrica pobreza e riqueza em simultâneo e a partir uma da outra, embora isso só se perceba à segunda vista. A minha primeira "consciência de classe" (classe dos outros): 6 anos de idade, fui entregar com a minha mãe roupas a casa de uma senhora que fazia as limpezas em casa dos meus pais. Era um sítio estranho, sombrio, estreitíssimo (- "Isto é uma rua?") e pelos vistos (?) "ali" mora gente (- "Onde?" Não vejo casas, mãe?)... Era uma ilha. portanto. Foi uma experiência chocante para mim, enquanto pessoa que tinha televisão em casa, comia três vezes por dia, vivia numa casa com janelas e tudo, saber que "ali", escondidas do mundo viviam uma série de famílias. Escondidas. Chocante!
Expropriar propriedades, lançar as empresas em modelos de autogestão, colocar Comissões de Trabalhadores à frente de fábricas e escritórios, nacionalizar os principais sectores produtivos, acabar com a banca privada claro, fomentar o cooperativismo, etc, etc... Ou seja, não precisarmos de nenhum "ministério da pobreza", mas termos uma sociedade que, como regra comum, tenha mecanismos normais de repartir O BOLO todos os dias e a todas as hora. Vai-se produzindo e vai-se repartindo em simultâneo.