De: José Ferraz Alves - "O Porto deve ser o Porto, a Europa dever ser a Europa"
O China Daily utiliza um postal da cidade do Porto para mostrar o projecto de desenvolvimento de Anshun: "A digital rendering of how the European township of Anshun will look"… Porto!, e não precisou de afirmar que o Porto está em Portugal, na Ibéria ou Europa. Continua “…The tourism city in Southwest China’s Guizhou province hopes to complete the project with European Investores”.
De facto, o Porto não precisa de ser a Barcelona do Atlântico. Se outros nos querem imitar como Porto, porquê inventar? Anshun, que quer ser o Porto da China, para ser mais atractiva, captou já 18 milhões de turistas e 2,3 mil milhões de euros de receitas em 2011. Mas há um perigo, que tem sido constante. Convém é saber trazer os turistas chineses até cá. Também que as formações em mandarim, de S. João da Madeira, pensem no nosso mercado e nos chineses que nos visitarão, e não na potenciação da emigração, da perda do que é nosso. Esta mania de correr mundo e de não olhar para o desenvolvimento do mercado interno está na génese do desemprego, da queda de salários, do empobrecimento, da miséria e da fome. Que existe cá, como na Grécia e cresce na Europa.
Os investimentos e a nossa visão devem passar mais pelo nosso próprio mercado. É erro, não dos privados, mas do Estado, promover o direccionamento do capital – financeiro, humano, conhecimento – europeu para criar riqueza e emprego na China. Daí considerar que os nossos dirigentes, nacionais e autárquicos, são excelentes gestores sem visão e sentido de Estado. O paradigma de desenvolvimento está a mudar. A riqueza está no Extremo e Médio Oriente e na América Latina. A Europa tem a oferecer a sua história, cultura, valores, marcas, pelo que não pode ser descaracterizada. A singularidade da diferença é o veículo de luta contra a uniformidade gerada pela globalização. Este tem sido o erro dos nossos líderes europeus, o quererem ser competitivos face a realidades que não são comparáveis. Com isso destroem o modelo social europeu, o berço da civilização moderna, o potencial de criação de valor na arquitectura, design e artes… Esta é a luta que a China está a fazer a uma Europa que ainda se divide e não percebeu onde tem de actuar. O nosso problema não é a Alemanha, está do outro lado do planeta. O nosso erro, estarmos divididos, e os nossos líderes não terem percebido o problema.
José Ferraz Alves
Movimento Partido do Norte / Partido Português das Regiões