De: Cristina Santos - "Pré-conceito"
Não há só pré-conceitos liberais, aliás para não existirem mindset desse tipo é bom que nem sequer exista essa divisão. Mas, a existir, falemos sobre ela. O Daniel Rodrigues já esclareceu a questão do valor do dinheiro hoje, válida tanto para o crédito como para os aforros dos cidadãos, sendo estes últimos bem mais penalizados. Mas a “ideia” que o crédito garantido sobre matéria não circulante deve possibilitar o investimento e a inovação, quando não há poupança disponível, ou em reforço desta, é uma “ideia” muito antiga, Schumpeter por exemplo.
Também antigo, é o mindset Marxista, que a meu ver continua a cegar e impedir visões realistas e racionais sobre o ciclo que atravessamos. Este pré-conceito pode ser percebido em muitos dos argumentos que continuam a vir a praça pública. A analogia, por vezes até involuntária, estreita a visão do todo, e substancia que se os mecanismos de produção evoluíram ao ponto de provocar verdadeira crise no “proletariado”, então há que levar a cabo uma luta entre classes, que termine com capitalismo. Como se trata de um pré-conceito nem sempre é perceptível, que essas ideias tão arrogantes contra a economia, e que dividem fracções sociais que partilham os mesmos interesses, culminavam teoricamente num desfecho em que a humanidade ingressava no comunismo “celestial”.
Portanto, pré-conceitos há de todos lados, se bem que os liberais de algum modo não aceitam por suficiente a mão invisível, mas os Marxistas raramente colocam em questão as ideias de esquerda e difundem-nas, e aplaudem o Estado social falido, defendem lutas entre classes, dividem e negam os efeitos percebidos. Não reconhecem que o capitalismo trouxe muitos avanços, aliás seria exactamente no expoente máximo desse avanço e modernização necessários que se daria o fim, e o Homem viveria para as artes, no tal "comunismo celestial" (gosto do termo celestial).
Em resumo, não há talvez maior pré-conceito do que esse da luta de classes e como todo o pré-conceito é enviesado e incompleto. Compete-nos a nós, nova geração, reflectir de onde nos surgem essas ideias, as escolas antigas, as cartilhas e depois construir novos conceitos. Às vezes aparenta que a nova geração é velha e pré-conceituosa.