De: José Ferraz Alves - "Regionalização, Sim! e Dr. Rui Rio, porque não mais uma implosão?"

Submetido por taf em Sexta, 2012-09-28 11:03

"Salários da CGD e TAP escapam de novo ao corte salarial para o sector público... "
"Centro Cultural de Belém foi poupado à intensidade dos cortes nas restantes Fundações…"
"Preço da água no Porto é 35% superior ao de Lisboa…
"Professores do superior poderão ter aumentos em 2013"...
Algumas manchetes de Quinta-feira.

Hoje, cada jornal que leio, mais um título da falta de justiça. Que justiça é esta? Rui Rio diz que está na hora de pensar na regionalização... Parece que já passou as fases da negação, do estudo e agora está na do pensamento... Ainda bem. Mas, quando a do fazer? É evidente que é pela descentralização que se abatem as gorduras desconhecidas do Estado Central, tal como já Sá Carneiro preconizava. No terreno, basta eleger democraticamente os Presidentes das Comissões de Coordenação Regional e retirar pessoas às Assembleias Municipais para as novas Regionais. Nem mais uma pessoa. E ganha-se na eficácia e na transparência. Por isso se tem a ideia de que há mais corrupção nas autarquias, pela sua visibilidade e proximidade, não por ser verdade. O caso da Catalunha mostra bem que o despesismo está sempre opaco nas estruturas centrais. Transfere 16 mil milhões de euros e agora necessita de 5 mil milhões, portanto tem um saldo líquido favorável. O mesmo no País Basco, a região mais rica de Espanha, que só transfere o excedente da sua gestão e que por isso ultrapassou a Catalunha.

Para cortar na despesa é preciso cortar no Estado Central, não nos trocados do funcionamento do Estado no terreno, que contribui para evitar despovoamento, é serviço público de solidariedade nacional para quem precisa e é forma de potenciar o desenvolvimento local. Sempre estranhei que a Troika não tivesse registado esta medida no seu memorando, sendo Portugal, a Grécia e a Irlanda as três realidades Europeias não descentralizadas. Cada dia me convenço que o que está escrito no memorando veio de algumas cabeças portuguesas com agenda própria e não foi o resultado de uma análise externa. Os pormenores do memo são tantos e não bate com a cultura de trabalho bancário, empresarial e financeiro, de mentes alemãs, inglesas ou holandesas. A minha experiência com bancos estrangeiros e com gestores do Norte da Europa nunca passou por documentos extensos e pormenorizados. Simplesmente não faz parte da sua forma de pensar e agir. O memo da Troika é um embuste preparado pelos que sempre governaram Portugal.

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"Câmara do Porto mantém despejo de idosa carenciada..." Público de 27 de Setembro
"Uma mulher de 70 anos, com um rendimento mensal de 212 euros, que vive com uma neta surda-muda, vai ser despejada devido a uma sifão e sanita"..., que moradores ajudaram a pagar a reparação. "A autarquia justifica o despejo com o mau estado do apartamento, resultado da má utilização e mau estado de conservação, o que provoca infiltrações na casa do piso inferior."

O difícil de gerir num país e num município são as pessoas não são? Tão mais fácil sem elas... "... Os problemas detectados na habitação foram todos reparados." A Câmara discorda, «eles fazem o que querem», "após inspecção, os serviços continuaram a detectar problemas nas misturadoras da banca, banheira e lavatório, no autoclismo, sanita e nos sifões do bidé e da banca"... Mas que exaustiva auditoria, Dr. Rui Rio. Parabéns aos técnicos. Porque não ter aproveitado para uns arranjinhos? Para quem tão brilhantemente falou esta semana sobre a escala, os serviços e o financiamento dos municípios, nomeadamente a necessária regionalização, a resposta a uma situação destas é mandar estas senhoras para a rua? Acredito que acredita que não. Também acredito que os "Querido! Mudei a casa" fariam neste caso melhor política social, por isso o Empreendedorismo Social é cada vez mais uma resposta.