De: José Ferraz Alves - "A mudança de paradigma"
De acordo com uma notícia da Agência Lusa desta semana, da qual transcrevo partes, “uma empresa de produção de cogumelos prevê criar até 2013, através da formação de uma unidade agro-industrial no Parque Empresarial de Chaves, 150 postos de trabalho. Além dos cogumelos, tenciona produzir produtos frescos, nomeadamente frutos vermelhos, como framboesas ou mirtilos, para o mercado ibérico. Um dos objetivos é também associar pequenos produtores ao projeto e reanimar, desta forma, a agricultura e os produtos da região. A empresa irá disponibilizar a jovens empreendedores a possibilidade de criar uma «sub-empresa» disponibilizando-lhes uma unidade de produção, trufas, formação especializada, escoamento do produto e certificação exigida pelos mercados. O projecto terá 40 unidades de produção, sub-empresas, cada uma com três colaboradores. A unidade agro-industrial terá um centro logístico que dará apoio à produção e gestão das unidades associadas, ajuda técnica especializada a todos os equipamentos e disponibilização de utensílios para uso comum. Para além disso, fará a receção, controlo de qualidade, arrefecimento, embalamento e armazenamento em câmaras frigoríficas dos produtos entregues pelas diferentes unidades de produção. A Câmara de Chaves cederá, de forma gratuita, o direito de se construir a unidade agro-industrial num terreno por si cedido e o projeto é comparticipado por fundos comunitários do Programa de Desenvolvimento Rural, afectos à região Norte.”
Algumas Parcerias Público Privadas até funcionam… Podem-se afetar, corretamente, fundos estruturais, criar emprego para jovens qualificados da Universidade de Trás-os-Montes, promover o empreendedorismo, vender para o mercado ibérico, diminuir as dependências das importações… Dá mais trabalho, menos “glamour”, exige paciência, os resultados não são imediatos e não são os “milhões” dos PIN – Projectos de Interesse Nacional.
O que temos feito até aqui? Focado nas Finanças e no Sistema Financeiro como ponto de partida. O que podemos fazer, diferentemente? Focar nas Empresas, na Economia, como ponto de partida para a criação de valor.
Os Mercados Externos e a Internacionalização? Sim, mas… também a dinamização do mercados interno e dos “mercados de proximidade”, dada a primeira responsabilidade de um Estado ser para com os residentes no País.
Valorização dos conceitos de poupança, que vai para o exterior, e de investimento, que tem sido mau? Sim, mas… o consumo, sem recurso a crédito, é a base do sistema em que vivemos, pelo que é necessário uma melhor distribuição de rendimentos, para depois permitir Consumo e Poupança internas que dinamizarão a actividade empresarial.
Emigração? Sim, mas… também importar empreendedores, captar os rendimentos de reformados e de turistas, para dinamizar o mercado interno, o que também origina toda uma diferente política de ordenamento do território, nomeadamente a aposta nas ferrovias.
Subir impostos, tendo-se reduzido a coleta fiscal final? Sim, mas… baixar impostos diretos para aumentar o rendimento disponível, potenciando que se recolham mais indiretos, pelo dinheiro que se multiplica pela sua circulação.
Aumento do custo dos transportes? Sim, mas… é necessária mobilidade e liberdade.
Apoio social pela via da Caridade? Sim, mas… o empreendedorismo social é mais sustentável e independente.
Concentração, com efeitos da captura de valor e de racionalizações de custos? Sim, mas… a descentralização é um processo essencial para sairmos desta crise, como este exemplo mostra.
Os resultados do Orçamento de Estado e das Contas Externas do País são o fruto directo de vários projectos que se implementem no terreno. Não é preciso inventar ao nível de transferência de fundos entre grandes agregados macro-económicos, estatísticos, porque são meramente resultantes destes milhões de ações, de que aqui se apresenta um exemplo.
José Ferraz Alves
Presidente do Movimento Partido do Norte