De: José Ferraz Alves - "A mudança de paradigma"

Submetido por taf em Quinta, 2012-09-20 14:14

De acordo com uma notícia da Agência Lusa desta semana, da qual transcrevo partes, “uma empresa de produção de cogumelos prevê criar até 2013, através da formação de uma unidade agro-industrial no Parque Empresarial de Chaves, 150 postos de trabalho. Além dos cogumelos, tenciona produzir produtos frescos, nomeadamente frutos vermelhos, como framboesas ou mirtilos, para o mercado ibérico. Um dos objetivos é também associar pequenos produtores ao projeto e reanimar, desta forma, a agricultura e os produtos da região. A empresa irá disponibilizar a jovens empreendedores a possibilidade de criar uma «sub-empresa» disponibilizando-lhes uma unidade de produção, trufas, formação especializada, escoamento do produto e certificação exigida pelos mercados. O projecto terá 40 unidades de produção, sub-empresas, cada uma com três colaboradores. A unidade agro-industrial terá um centro logístico que dará apoio à produção e gestão das unidades associadas, ajuda técnica especializada a todos os equipamentos e disponibilização de utensílios para uso comum. Para além disso, fará a receção, controlo de qualidade, arrefecimento, embalamento e armazenamento em câmaras frigoríficas dos produtos entregues pelas diferentes unidades de produção. A Câmara de Chaves cederá, de forma gratuita, o direito de se construir a unidade agro-industrial num terreno por si cedido e o projeto é comparticipado por fundos comunitários do Programa de Desenvolvimento Rural, afectos à região Norte.”

Algumas Parcerias Público Privadas até funcionam… Podem-se afetar, corretamente, fundos estruturais, criar emprego para jovens qualificados da Universidade de Trás-os-Montes, promover o empreendedorismo, vender para o mercado ibérico, diminuir as dependências das importações… Dá mais trabalho, menos “glamour”, exige paciência, os resultados não são imediatos e não são os “milhões” dos PIN – Projectos de Interesse Nacional.

O que temos feito até aqui? Focado nas Finanças e no Sistema Financeiro como ponto de partida. O que podemos fazer, diferentemente? Focar nas Empresas, na Economia, como ponto de partida para a criação de valor.
Os Mercados Externos e a Internacionalização? Sim, mas… também a dinamização do mercados interno e dos “mercados de proximidade”, dada a primeira responsabilidade de um Estado ser para com os residentes no País.
Valorização dos conceitos de poupança, que vai para o exterior, e de investimento, que tem sido mau? Sim, mas… o consumo, sem recurso a crédito, é a base do sistema em que vivemos, pelo que é necessário uma melhor distribuição de rendimentos, para depois permitir Consumo e Poupança internas que dinamizarão a actividade empresarial.
Emigração? Sim, mas… também importar empreendedores, captar os rendimentos de reformados e de turistas, para dinamizar o mercado interno, o que também origina toda uma diferente política de ordenamento do território, nomeadamente a aposta nas ferrovias.
Subir impostos, tendo-se reduzido a coleta fiscal final? Sim, mas… baixar impostos diretos para aumentar o rendimento disponível, potenciando que se recolham mais indiretos, pelo dinheiro que se multiplica pela sua circulação.
Aumento do custo dos transportes? Sim, mas… é necessária mobilidade e liberdade.
Apoio social pela via da Caridade? Sim, mas… o empreendedorismo social é mais sustentável e independente.
Concentração, com efeitos da captura de valor e de racionalizações de custos? Sim, mas… a descentralização é um processo essencial para sairmos desta crise, como este exemplo mostra.

Os resultados do Orçamento de Estado e das Contas Externas do País são o fruto directo de vários projectos que se implementem no terreno. Não é preciso inventar ao nível de transferência de fundos entre grandes agregados macro-económicos, estatísticos, porque são meramente resultantes destes milhões de ações, de que aqui se apresenta um exemplo.

José Ferraz Alves
Presidente do Movimento Partido do Norte