De: Carlos Romão - "Desamor pelo Porto"
Nada contra o Festival D’Bandada. Venham muitos que animem a cidade. Tudo contra estes monos que a Câmara do Porto promove um pouco por todo o lado. Estas estruturas grosseiras e enormes, que aparecem todos os verões, poluem a paisagem urbana, causam desconforto e agridem a cidade monumental, como a imagem ilustra. A par destes trambolhos fora de escala, a C.M.P. prima pelo licenciamento de postos de venda de gelados. Como se esses produtos fossem “a última Coca-Cola do deserto” e não houvesse inúmeros locais onde podem ser comprados. Na Praça de Almeida Garrett, a agravar o incómodo provocado pelas obras do quarteirão das Cardosas, lá está um caixote em forma de coração, feito empecilho no passeio. Como na Ribeira onde existe outro, ridiculamente alinhado pelo meio dos pilares da antiga ponte pênsil, que lhe servem de moldura.
Não faço a clássica pergunta “o que pensarão os turistas?”, porque considero que a cidade é de quem aqui vive ou trabalha; se for um espaço agradável para nós, também será para quem a visita. Tudo isto revela provincianismo, falta de sensibilidade, incompetência e desamor pelo Porto. Em Gaia passa-se algo parecido, com aqueles gigantescos, desrespeitosos e ostensivos cartazes voltados para o rio. Imaginam-nos em Florença, por exemplo? Por este andar ainda matam “a galinha dos ovos d’ouro”.
Publicado n'A Cidade Deprimente.