De: F. Rocha Antunes - "Suportável e insuportável"
Meus Caros
O esvaziamento populacional do Porto, não sendo uma surpresa, não deixa de ser preocupante. Eu sei que a inversão da tendência não se faz rapidamente e concordo genericamente com tudo o que de estrutural está a ser desenvolvido há anos para reocupar e reabitar o Centro da Região.
Há um aspecto da gestão autárquica que eu não entendo mesmo: a fatalidade com que se lida com algumas situações problemáticas.
Concretizando, não entendo como se ignora completamente a fiscalização da utilização da via pública durante o período mais importante que é o das obras. Passo todos os dias na Rua D. Manuel II e não vi nenhum polícia ou qualquer outro agente público a tomar conta de uma zona crítica da circulação automóvel para o centro da cidade. Ainda hoje estava um carro indevidamente estacionado a impedir o fluxo de trânsito em direcção ao Hospital de Santo António, incluindo o acesso às respectivas urgências, e durante horas não apareceu ninguém a resolver o assunto. A ideia que me dá é a de que se considera que durante as obras nem vale a pena fiscalizar nada, ou então deixa-se ao empreiteiro, que não pode impedir ninguém de estacionar indevidamente, a gestão do espaço envolvente.
Todos sabemos que as obras provocam transtornos e eu, por razões profissionais, sei perfeitamente que é impossível evitar os incómodos. E que sem obras não há melhorias. Mas há um esforço que se tem de sentir por parte de quem perturba e de quem deixa que se perturbe que transforma esse transtorno de insuportável em suportável.
Não se pode ter metade da Câmara a dizer para as pessoas regressarem à Baixa e a outra metade, na prática e se calhar inconscientemente, a criar todas as condições para que as pessoas não queiram nem ouvir falar em vir à Baixa. Organizem-se.
Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário