De: Paulo Espinha - "Pontes para uma Nova Cidade"

Submetido por taf em Domingo, 2012-06-24 16:24

Caros,

No quadro de mais uma manifestação do que de pior tem o Homo Sapiens – a ganância – que nos levou à presente crise financeira mundial, no quadro do fim do império branco caucasiano do hemisfério norte resultado da globalização mundial e, localmente, no quadro da utilização dos dinheiros públicos para exercer o controlo e manipulação do povo que pensa que ordena, perceber que temos que mudar leva tempo. Leva tempo aos políticos, aos engenheiros, leva tempo a todos. É a chamada inércia da aterragem. Tenho por lei: “A Mobilidade não faz Economia! É a Economia que precisa da Mobilidade!”. Isto explica porque é que ao case study italiano se juntou o português e o espanhol (vide os aeroportos…). Já chega!

Assim, em tempos que podiam ser aproveitados para potenciar uma Nova Mobilidade agora verdadeiramente sustentável, propor mais do mesmo é um erro! Não são necessárias tantas pontes entre o Porto e Gaia. A meu ver está a ser necessário, fora ligações de transportes coletivos de alta capacidade, ligar a poente da Luís I pedonalmente, com ciclovia e transportes coletivos soft as duas margens – uma ou duas ligações para modos suaves, peões e transportes coletivos à cota baixa. E devemos ter muito cuidado com aquilo que fazemos junto à Ribeira do Porto. De modo algum podemos construir algo que vá em definitivo afetar sequer a moldura em torno do vocabulário urbano da Ribeira que é único no mundo – há que chegar essa ligação o mais a poente possível, quiçá já sobre a curva, relativamente perto da Alfândega. Trazer mais para dentro é, considero, “destruir Património Mundial”. Isto tem de ser muito bem equilibrado com a maximização da própria fruição visual do seu atravessamento.

Por outro lado, Nevogilde e a Foz do Porto não precisam de ser atravessadas por tráfego de atravessamento para melhorar o valor m2 da marginal marítima de Gaia. Aliás vejam-se bem os problemas em torno das costuras da “Nun’Álvares / D. Pedro IV” vs a redução de tráfego automóvel nas Montevideu/Brasil… Compreendo perfeitamente que Gaia precisa de mais costuras ao Porto, nomeadamente da faixa marginal marítima – isso pode ser feito com uma bonita ponte para peões, para autocarros, para bicicletas e outro modos suaves apenas. Em jeito de conclusão: a necessidade de ligação sente-se, mas não devemos dar mais nada ao automóvel. Devemos fazer com que este comece realmente a pagar pelas suas externalidades e com isso melhorar ainda mais o transporte colectivo que é isso que vai apoiar as nossas cidades de futuro.

Relativamente ao preço, não tenho nada a dizer. Apenas um comentário lateral: estou também cansado de aqui ouvir dizer que como Lisboa gastou o Porto também tem direito a gastar! Não tem, nem Lisboa, nem o Porto! Não foi para isso que assassinámos o D. Carlos! Se me disserem que se propõe 4 para ficarem 2... então percebo, senão é uma aberração!