De: Luís Gomes - "O futuro das colectividades do Porto"
Um dos dossiers mais complicados de resolver (e que seguramente não vai ser endereçado pelo executivo actual) é o futuro dos clubes do Porto. Basicamente todos eles estão com situações complicadas. As câmaras (tirando a de Matosinhos) já não estão dispostas a financiar directa ou indirectamente os clubes, o que me parece inquestionavelmente correcto.
Não fosse um "seguro de vida" chamado PDM, já estariam todos sem casa a jogar nos arredores do Porto. O executivo actual já ajudou a resolver um problema de dois clubes mais pequenos: Académico e Estrela Vigorosa. Através de uma permuta de terrenos conseguiu-se evitar situações idênticas à que aconteceu com o Ramaldense cujo campo era arrendado. Também o Fluvial meteu-se "numa aventura": implementou-se a construção de um belíssimo complexo, sem se fazer contas aos custos de manutenção e à viabilidade de rentabilização do espaço. Mais uma vez, a CMP teve de intervir. Pese embora neste caso o custo de intervir seja muitissimo menor por um lado e, por outro, o complexo é de extrema utilidade para escolas e utentes em geral (ao contrário de um estádio).
O problema maior está no Boavista e Salgueiros, por razões diferentes. No Boavista, convive-se com duas heranças: a gestão Loureiro e o projecto do Euro2004. Por razões diferentes que já todos sabem, o clube está na penúria e o estádio deserto. No Salgueiros, também por problemas de gestão não tem project finance para avançar com a construção de um estádio. Aliado a isto, há que referir que em ambos os clubes se "enterraram" milhóes do erário público: ao Salgueiros foi pago um cheque gordo pela venda do Vidal Pinheiro à Metro do Porto mais o direito de construção dos terrenos para um novo estádio. No caso do Boavista foram ajudas directas e indirectas para construção do estádio e acessibilidades (embora numa escala bem menor à dos outros estádios do Euro 2004). Daqui decorre obviamente uma decisão: aceita-se a perda do investimento público já feito ou investe-se mais com o pais no estado em que está?
Certamente não será uma decisão fácil, embora me pareça que a única saída passa por encontrar uma fórmula que permita que o Estádio do Bessa passe a municipal e que os clubes (Boavista, Salgueiros e outros) paguem rendas em função da sua dimensão, das despesas de manutenção e de amortização do investimento.