De: Alexandre Burmester - "Isto sim é Reabilitação"

Submetido por taf em Quinta, 2012-06-07 22:34

A Reabilitação Urbana contém muitas teorias, principalmente da parte dos ditos Urbanistas, leia-se “os engenheiros que em Portugal exercem a arte do urbanismo que se traduz essencialmente em feitura de legislação urbana”, mas a Reabilitação é fundamentalmente feita pelas pessoas enquanto cidadãos, pela vivência e intervenção no espaço urbano.

Acontece que não basta nem imaginação nem vontade se não é acompanhada e apoiada pelas instituições públicas. É disso exemplo o caso dos bares da chamada zona de Cândido dos Reis e Leões, que apostaram no local, investiram e sozinhos promoveram a reabilitação daquela área. Para quem não saberá, a sua maioria não terá Licenças de Utilização e são agora objecto de regulamentação que porá em causa os seus investimentos. Serão bastantes mais os exemplos de dificuldade de licenciamento de projectos e obras que penam pelas tramitações burocráticas da Câmara, entidades licenciadores e IGESPAR. Serão exemplo ainda a regulamentação do trânsito da cidade que teima em fazer desenho rodoviário no meio da cidade e recentemente no parqueamento pago de todo o espaço público. Os transportes que continuam a entender a cidade tendo no seu centro o seu núcleo, um Metropolitano que desventrou a cidade e cortou a ligação com Gaia, dos transportadores que montaram verdadeiras rodoviárias em vários cantos da cidade. Convém não esquecer aquela associação de comerciantes que pouco ou nada faz e que um dia destes deverá estar a falar mandarim. A própria Universidade do Porto que apostou na periferia e isto sem esquecer, claro, as entidades públicas que abandonam os seus edifícios no centro. Podia continuar...

Não basta querer nem basta ter ideias, como muitas que se ouvem por aí e outras que por aqui vão passando, porque ou estas são tão sustentáveis que não necessitam do apoio público, ou em alternativa morrem na praia. É uma desmotivação atrás de desmotivação. A Câmara precisava de ser outra e a forma de gerir a cidade bem diferente. A participação e a vontade de uns pode mudar tudo, mas para isso seria necessária outra forma de fazer política sabendo cativar a participação e promovendo a intervenção. Nada disto acontece. Enquanto assim se mantém e porque não podemos fazer revoluções sozinhos perante o marasmo desta população, parece que o melhor é não ter ideias, ser cinzentão e de preferência estar quietinho à espera do apito final.

Agora o que está a dar é vender património da cidade a preços que ninguém compra, reabilitar mercados com soluções puramente monetárias com dinheiro que não há, reabilitar bairros com implosões para investidores que já foram. Principalmente o que importa é encontrar novos nomes para as vias do Porto. Até a VCI, que devia se chamar de aberração ou muro da vergonha, vai para desgraça do nomeado, coitado, ter um nome. Isto sim é que é Reabilitação do Nun'Álvares.