De: Pedro Figueiredo - "Rui, o medo morreu em 1974!"

Submetido por taf em Domingo, 2012-04-29 23:58

Na Escola da Fontinha

Foi bonita a festa, pá! Numa autêntica acção revolucionária, milhares de pessoas – sem exagero – rumaram da Batalha até aos Aliados, e dos Aliados até à Fontinha! …Dizia no 25 de Abril da Fontinha 2012 um cartaz, outro dizia “diz-me em quem bates, dir-te-ei quem és!”.

O objectivo nº 1 de demonstrar ao ditador que “o medo morreu em 1974!” foi cumprido.

O objectivo nº 2 de não haver confrontos nem violência foi cumprido também. Julgo que a Polícia terá percebido que “não se pode bater em milhares de pessoas” sem se ser os maus da fita nos títulos de jornal do dia seguinte… Além de que, como noutro cartaz “Não é nosso o teu medo, Miguel Macedo!”.

O objectivo nº 3 de ser uma grande festa popular também foi cumprido! A grande palavra de ordem foi “ NÃO – SE – PODE – PARAR – A – INICIATIVA – POPULAR! / NÃO – SE – PODE – PARAR – A – INICIATIVA – POPULAR! / NÃO – SE – PODE – PARAR – A – INICIATIVA – POPULAR!”.

O objectivo nº 4 de despejar os taipais que okupam de forma ilegal as janelas e portas de um edifício abandonado pelas autoridades e com potencial colectivo e de usufruto público e comunitário foi conseguido, aplaudido, festejado!

O objectivo nº 5 de fazer passar ao ditador uma mensagem da importância que é ter-se o inequívoco apoio popular não… este objectivo não foi cumprido. O ditador, no dia 26 (ou seria no “dia 24”?) voltou a insistir no “projecto” que se propõe implementar na Fontinha… Está lá agora: o projecto do ditador é ter as portas e janelas desta vez entaipadas a tijolo, não vá novamente o Porto querer utilizar um edifício abandonado a que tem direito…

“Que parte da mensagem é que o ditador não terá percebido?” Não terá percebido o apoio de milhares de pessoas ao projecto? É que o projecto do ditador conta com o apoio inequívoco de apenas cerca de 100 polícias pagos para apoiar esse projecto e de alguns alguns bombeiros nem sequer voluntários, de “passa-montanhas” (talvez “perigosos radicais” ou “anarcas”). O ditador – irado – não conseguiu contar aos amigos da Foz e do Campo Alegre a clássica história de meter medo às crianças, em que depois entram “perigosos marginais”, em que depois okupam e vandalizam, em que a seguir até há droga, um ninho de violência, etc… Não conseguiu. Como ali só havia boa vontade, comunitarismo, acção social, bicicletas e ninguém assinaria nunca uma cláusula qualquer de submissão a um qualquer subsídio do Estado, esmola ou paternalismo do ditador… ira e ranger de dentes.

Bem. Cumpriu-se Abril e o resto é treta. Fomos todos RAP, HIP-OP na carrinha de caixa aberta a bombar, fomos todos os “gunas” do bairro, fomos todos anarquistas e okupas, bandeiras pretas ao alto, muitas, criatividade, bombos, festa, risos, lágrimas de alegria, libertação de mais um espaço. O ditador deu às pessoas um motivo, uma tábua, uma bóia de salvação a um 25 de Abril que só prometia medo e tristeza. Obrigado, ditador! Obrigado pela sua casmurrice. É próprio dos ditadores transformar a política em raiva. É próprio dos revolucionários transformar a raiva em política. E pronto.

“Agora só falta okupá-la novamente!!”. Construir é difícil. Vai ser preciso chamar o MFA (“sempre, sempre ao lado do Povo”) que virá de chaimite para voltarmos a reocupar a Fontinha! Obrigado Rui, e até já!

... Ver restantes imagens (muitas) em PDF.

Vídeos sobre o que se passou no 25 de Abril, na Fontinha e nos Aliados: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete.