De: Cristina Santos - "Um conflito entre a moral e a moral mínima"

Submetido por taf em Sexta, 2012-04-20 15:11

Do meu ponto de vista, é aceitável que a associação Es.CoL.A. adopte uma posição de confronto contra a moral mínima seguida pela CMP, na medida em que a moral mínima assenta unicamente na Lei, e há muitas Leis sem moral que terão de mudar neste país, por via do confronto e da contestação, já que outro meio não nos é permitido. Estamos de facto em Democracia, podemos votar, mas só no mal menor. Para o voto esclarecido necessitava-se mais do que Novas Oportunidades.

A associação poderia ter optado pela via fácil e formal, de atingir o compromisso entre as partes tomando de aluguer o espaço e enquadrando-se no hipotético novo plano para reformulação. Estaria a sujeitar-se a mais um controlo pacífico da Democracia.

A CMP não poderia ter tomado posição diferente daquela que tomou, moral mínima, normalíssimo e perfeitamente enquadrada. Também, se o fizesse, além de violar a Lei, estaria a prejudicar o tão necessário movimento de oposição que todos temos de perfilhar sem partidos viciosos e viciados (sem excepções), que constituem o leque democrático. O apoio de qualquer partido a um movimento é, na altura que corre, desprestigiante e motivo de descrédito.

O prejuízo da falta de compromisso entre as partes é grande, mas de curto prazo. O movimento pedonal que a Es.CoL.A. trouxe às ruínas do assombroso quarteirão do Alto da Fontinha vai desaparecer e retornar o clima de medo, que os edifícios devolutos e a desertificação acarretam. Temos beneficios a longo prazo. Primeiramente uma verificação para a amostra de que a reunião das pessoas é que traz a vida às cidades. No Alto da Fontinha, como nas Galerias e na Cordoaria, pode fechar tudo, enquanto as pessoas se reunirem nesse local a Rua não morre, a cidade é das pessoas, precisamos dos partidos que existem para intervenções mínimas. De seguida, a certeza de que a Lei tem de mudar, e se a moral é fonte da Lei, temos de nos debruçar de forma analítica sobre ela, excluindo partidarismos.

Face ao exposto, na minha opinião, estiveram ambas as partes muito bem. Não há satisfação com a actual Democracia, há graves conflitos de moral na justiça, na Lei, nos normas, que é necessário contestar.

Cristina Santos