De: Pedro Figueiredo - "O que se disse na sessão do PSD"

Submetido por taf em Quinta, 2012-04-12 22:38

Na 3ª feira, 3 de Abril, na sessão promovida pela Associação de Cidadãos do Porto, com o PSD, sobre a reorganização do território disse-se que:

- “A SRU não será extinta.”

- “Não será preciso um novo recenseamento eleitoral para oficializar a passagem de “eleitores” de uma freguesia extinta para a nova freguesia onde serão incorporados. Não será sequer um problema técnico.”

- “Os outros partidos – nenhum - apresentou a sua proposta, não estando portanto interessados em debater, antes interessados a boicotar o debate sobre a reorganização do território."
Eu disse (na audiência) na sessão que, aparentemente, o único consenso transversal a partidos do “arco da governação” e do “arco da desgovernação” seria o da criação de uma freguesia para o Centro Histórico. Isto, associado à (presumível?) extinção da SRU… E ainda, associado ao facto de a UNESCO exigir a existência de um organismo autónomo e exclusivo para gerir um Centro Histórico Património da Humanidade (organismo este nunca criado) – qualquer Centro Histórico Património da Humanidade… Daria qualquer coisa como “Fazer com que a nova Freguesia Histórica passasse a ser essa entidade…” (imagino possa ser uma mais-valia para a cidade, ter este organismo público eleito que tome em si o encargo que a SRU não soube ter (…casas no Corpo da Guarda ainda “à venda” pelo preço astronómico que se sabe, e lá prometem continuar…). Não disse, mas penso, pelo que ouvi da intervenção de várias pessoas presentes, que a sociedade civil – ali publicamente elogiada – fez bem em promover estes debates… Até porque, o PSD não quis promovê-los, tal é a pressa em “despachar” um “mapa definitivo” e imposto, “limpinho” e sem democracia que é uma coisa chata e imprevisível…

- O PSD fez interessantes debates internos sobre a reorganização do Porto, mas de forma infantil… tipo “distribuir mapas aos militantes, para cada qual fazer o seu mapa com os seus critérios como ponto de partida Começar pelo mapa é o pior. Esta reforma passa pelo estudo do território / passa por chamar Universitários com estudos sobre Geografia urbana / passa por compreender cientificamente a complexidade de sobreposições que é um território / passa por perceber que os “critérios” são afinal o mais importante, a partir dos quais naturalmente se poderá formar um “mapa”… quase como um “caminho de pé posto". Enquanto arquitecto, gajo também habilitado para intervir na transformação de um território urbano, sei que é demasiado difícil organizar territórios para que se possa fazê-lo desta forma leviana. Não admira portanto que nos "outros partidos” estejamos activamente a “boicotar”(!) este pseudo-debate que o PSD está a tentar impor, sobretudo com “o seu critério” (“o critério da falta de critério”). Eu boicoto e com orgulho esta forma “criativa” de não fazer política. Pseudo-debates: gosto de participar em debates, gosto de boicotar pseudo-debates… (As freguesias não são o que interessa reformar, antes interessa reformar as formas com que se revestem as decisões supra-municipais, regionais, metropolitanas e as linhas com que estas se cosem. A discussão da microescala das freguesias (orçamentos reduzidíssimos e subsidiários) é uma migalha para “nos entreter” e tentar ludibriar entretanto… E é que o PSD – patético – não pára de bradar “os outros partidos não apresentam o seu mapa”. No PSD, estarão hipnotizados? Ou será mesmo convicção? O território não merecia…

- Fiquei também praticamente com a certeza que a SRU vai mesmo ser extinta e no imediato porque disseram que a SRU NÃO será extinta (a minha desconfiança face ao que o PSD diz ou deixa de dizer é quase total).

- Continua o racismo dos “democratas” para com essa sub-raça a que chamam “os partidos que não são do arco da governação”. Tão sub-raça que somos, que nem sequer temos nome… Há os do “arco” e os outros… Aos do “arco da governação” está destinado governarem, claro (mesmo que a democracia ou o bom senso eventualmente possam dizer o contrário?)…

- Um elogio ao PSD que conseguiu mobilizar para este debate cerca de 30 (mais ou menos) pessoas. Bateu o recorde de participações relativamente aos outros partidos. Mostraram de facto, mais vontade em participar neste ciclo de debates e isto merece ser reconhecido.