De: Nuno Casimiro - "Carta aberta ao Exmo. Sr. Presidente da CMP"
Carta Aberta ao Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto, Doutor Rui Rio
Excelentíssimo Senhor Presidente
Vivendo no Porto há mais tempo do que aquele que V. Exa. já consumiu enquanto edil desta cidade, e sendo, aliás como V. Exa., um "estrangeiro" mas incondicional apreciador e defensor das incomparáveis qualidades desta urbe, venho pela presente carta aberta humildemente apresentar junto dos V. serviços uma despretensiosa proposta. Assim, quero nestas linhas avançar e defender publicamente a criação de um Programa de Apoio ao Suicídio dos Agentes Culturais que Operem no Porto (PASACOP). A ideia não é original (já na década de 80, Joaquim Castro Caldas solicitou um apoio similar a Pedro Támen, à altura na Fundação Calouste Gulbenkian) mas uma aplicação prática e em massa ainda não foi testada. Parece-me, ainda assim, uma medida que urge adoptar a bem da modernização e afirmação da cidade do Porto como metrópole europeia digna desse nome. Senão vejamos:
- a) Com o PASACOP, a cidade e os serviços da Câmara Municipal, nomeadamente V. Exa., poupam tempo e dinheiro com telefones, faxes, e-mails, reuniões, subsídios à criação, produção e programação além de todo o tipo de esquemas que alimentam o lobby da arte à custa do dinheiro dos contribuintes;
- b) O PASACOP será auto-financiado através da venda dos direitos de transmissão dos diversos suicídios pelo que não representará uma despesa acrescida aos cofres do município. Estas actividades poderão mesmo ser incluídas na agenda cultural da cidade, chegando a largas franjas da população. (A título pessoal, sugiro a entrega da organização e transmissão dos eventos à Rádio Festival, organismo com firmes provas de ser capaz de entreter o povo);
- c) Num segundo momento, com as verbas angariadas na alínea anterior, poderá proceder-se à reconversão do Rivoli, do Teatro do Campo Alegre e do Teatro Carlos Alberto em salões de festas, prontos a receber casamentos, comunhões, baptizados e funerais bem como algumas recepções oficiais organizadas pelo município;
- d) Finalmente, a Câmara do Porto poderá rentabilizar o trabalho dos técnicos dos espaços referidos em c) e todos os profissionais que colaboram com os agentes culturais abrangidos pelo PASACOP (como costureiros, carpinteiros, designers, arquitectos, mestres de sala, arrumadores, tipógrafos, programadores, fotógrafos, técnicos de som, técnicos de luz, dramaturgos, jornalistas, críticos, músicos e outros) como mão-de-obra qualificada para finalizar as obras de requalificação da Baixa, de intervenção nos Bairros Sociais e Escolas Primárias ou até mesmo na caça a outros indigentes, como os arrumadores e os sem-abrigo.
Note-se que estes são apenas aspectos gerais desta proposta que, espero, possa contribuir para uma ainda melhor gestão desta magnífica cidade.
Cópia desta mensagem seguirá ainda para os jornais Público, Jornal de Notícias e O Primeiro de Janeiro para que os nossos concidadãos sejam informados da iluminação que V. Exa. inspira, lutando contra a permanente campanha de desinformação movida por estas entidades a respeito da actividade inovadora, pensamento político e visão estratégica que V. Exa. emana a cada passo.
Desde já agradeço toda a atenção dispensada, manifestando a minha inteira disponibilidade para discutir e desenvolver estas e outras questões com V. Exa.
De V. Exa., e com os meus mais respeitosos cumprimentos.
Cordialmente,
Nuno Casimiro