De: José Machado de Castro - "Por uma política sem máscaras!"
As notícias sobre Manuel Fernandes Gonçalves, até agora vereador do Ambiente e presidente do Conselho de Administração da empresa municipal Águas do Porto, vêm, mais uma vez, fazer cair a máscara duma gestão cuidada e de rigor que Rui Rio conseguiu difundir pelo país. Através da formidável máquina de propaganda ao serviço da coligação de direita PSD/CDS-PP, que inclui, entre outros instrumentos, um agressivo gabinete de “comunicação”, dezenas de painéis eletrónicos, folhetos, uma TV privativa que entra, sem pedir licença, por mais de 10.000 habitações municipais e uma revista trimestral com uma tiragem de 135.000 exemplares, muito acima das 100.000 famílias residentes na cidade do Porto (o que equivale a mais de 37 milhões de páginas/ano, 38.000 resmas de papel e mais de 1.200 árvores abatidas/ano), Rui Rio espalhou a imagem duma gestão poupada e rigorosa, de contas certas. Nada mais falso.
O Executivo de Rui Rio, aplicando há já vários anos uma política de intolerância política, social e económica, condenou a cidade do Porto ao declínio. Apesar do crescimento (para o dobro, de 4 milhões de euros em 2005 para 9 milhões em 2010) das rendas cobradas aos moradores das habitações municipais, apesar do crescimento das principais receitas fiscais (o IMI passou de 34,8 milhões em 2005 para 41,30 milhões de euros em 2011), apesar da venda de prédios e terrenos num montante superior a 100 milhões de euros nos últimos dez anos, apesar do aumento destas receitas, o orçamento municipal continua a diminuir (em 2002 era de 250 milhões e para 2012 é de 193 milhões, uma quebra de 57 milhões em dez anos) e o investimento, sem o qual nenhuma cidade se pode afirmar, caiu a pique: em 2005 foi de 72 milhões, para 2012 é de apenas 33,8 milhões de euros. Também sobre o endividamento do município, a máquina de propaganda criou a ficção duma enorme diminuição. Ora a verdade é que a dívida bancária a médio e longo prazo era, em 2002, de 117 milhões. Dez anos depois é de 107,7 milhões de euros.
A recente nomeação por Rui Rio para o principal cargo dirigente das Águas do Porto dum vereador que, há poucos anos, caiu em falência demonstra que esta empresa municipal também está a ser usada para colocar em postos relevantes figuras dos partidos que suportam o Executivo camarário – PSD e CDS - sem ter em conta a competência, qualificação e idoneidade de tais pessoas para essas funções. Afinal, Rui Rio não é assim tão diferente de muitos outros presidentes de câmara: também usa as empresas municipais como generosos “jobs” para os “boys” dos partidos da coligação de direita. Afinal, as “contas à moda do Porto”, são cada vez mais parecidas com as doutras autarquias: dívida escondida (os 3,8 milhões de euros devidos à Metro do Porto pelas “obras” na Av. da Boavista ou o milhão de euros devido à STCP nunca são evidenciados nas contas da câmara), venda ao desbarato do património municipal, brutal desperdício de dinheiros públicos na propaganda partidária como é o caso da revista “PORTOsempre”.
Basta de enganar a opinião pública e degradar o exercício da política. POR UMA POLÍTICA SEM MÁSCARAS!
José Machado Castro - membro da Assembleia Municipal do Porto pelo BE