De: Cristina Santos - "Simples é a nossa Loja do Munícipe"

Submetido por taf em Segunda, 2006-09-04 18:14

A qualidade de vida dos cidadãos está dependente de coisas tão simples como as filas de espera nas instituições públicas do País. Na grande Cidade do Porto existem 4 instituições da Segurança Social, cada uma delas tem o dobro dos funcionários de qualquer instituição nas Cidades circundantes, mas mesmo assim é impossível evitar 160 pessoas à espera de serem atendidas.

Na Segurança Social na Rua das Doze Casas (ao Marquês) figura um cartaz enorme a anunciar o Simplex, no entanto a máquina de senhas para atendimento só admite duas situações – Atendimento Geral ou Entrega de Documentos.

Como cidadã preocupada em informar o Engº Sócrates do absurdo da situação de ser obrigada a esperar 2.30H para que alguém me emitisse uma declaração que demora 2 minutos, fintei o segurança e dirigi-me a uma secretaria onde estavam 3 alegres funcionários sem nada de relevante para fazer.

Solicitei-lhes formulários de sugestão/reclamação para preencher e introduzir na caixinha respectiva; a funcionária só sabia informar que o livro de reclamações era na outra secção. Expliquei aos 3 que não pretendia ser tão brusca, apenas queria sugerir ao Engº Sócrates que uma maneira de simplificar o atendimento era especializá-lo, bastando para tal colocar na máquina de Senhas de Atendimento a opção Declarações/comprovativos, assim as pessoas que trabalham não teriam que despender uma manhã para um só documento.

Não consegui enviar a sugestão ao Engenheiro porque não havia formulários, mas passaram-me a declaração mesmo ali no balcão, no terminal do computador, quando ainda faltavam 62 números para chegar a minha vez e 180 números para chegar a vez da pessoa a quem dei a minha senha.

Perdida a manhã, dirigi-me ao início da tarde para outra instituição pública para entregar o tal documento conseguido na Segurança Social, sim porque isto é uma espécie de ciclo da vida do Estado – O Estado solicita o documento, o Estado emite o documento e depois o documento é novamente entregue ao Estado.

Ora não é que nesta Instituição a máquina de senhas previa 7 opções? Afinal o Engº Sócrates estava bem informado, o Simplex tinha método e era muito mais que anular filas inexistentes nas tesourarias das Finanças. Enquanto lia e meditava sobre as 7 opções, aproximou-se um segurança que me pediu para mostrar os documentos que trazia e dizer aquilo que pretendia. Abri a pasta e comecei a explicar, o senhor, que não estava nada interessado na minha prosa, resolveu-me a questão facilmente, se não era para entrevista de emprego nem convocatória então qualquer senha servia – era tudo na mesa 1.

Sentei-me a pensar: se o Simplex é isto, que diria o Engº Sócrates se visitasse a nossa Loja do Munícipe? Será que o primeiro-ministro conhece o método, as instalações, o bom atendimento e será que nos próprios damos valor a isso, ou só nos lembramos quando o corpo se ressente numa sala atafulhada de cadeiras azuis em fila…

Pensem nisso e noutras coisas que realmente demonstram o respeito pelo cidadão, para falarmos qualquer dia próximo.