De: TAF - "Parcómetros"
Simpatizo com limitações grandes ao uso de automóvel nas cidades. Nestas situações há quase sempre um problema do ovo e da galinha que acaba por ser pretexto para ir adiando as medidas necessárias: não há transportes públicos suficientes e adequados porque as pessoas usam muito o carro, e as pessoas usam muito o carro porque não há transportes públicos suficientes e adequados. (Além de transportes alternativos como a bicicleta, etc.) É preciso "desencravar" a situação, mesmo que isso crie transitórios desagradáveis.
Posto isto, compreendo a introdução de novos parcómetros com uma ressalva: a de que se criam zonas reservadas de aparcamento gratuito para residentes antigos na cidade. Lembro que quando, por exemplo, os meus pais resolveram escolher casa, ainda não era obrigatória (nem sequer habitual) a existência de aparcamento privativo nos edifícios residenciais. Mais: era suposto haver facilidade de estacionamento na via pública, pois na altura foram previstos lugares mais que suficientes para esse efeito. Eu ainda sou do tempo em que se jogava à bola no meio da rua na zona do Covelo, porque só passava um carro de vez em quando. A minha mulher fazia igualmente as brincadeiras de infância com os miúdos amigos dela numa das ruas paralelas à Constituição...
Ora esses residentes antigos não têm culpa da ausência de políticas sensatas de mobilidade e de gestão da cidade. Devem agora ser obrigados a suportar uma renda adicional, nem que seja só para ter o carro a maior parte do tempo parado porque andam a pé? Não basta o incómodo de não terem lugar perto de casa quando voltam de se abastecer no supermercado? Já quanto a novos habitantes, a situação é diferente: esses sabem com o que contam ao escolher casa.