De: Paulo Pinto de Almeida - "A propósito da reabilitação urbana a custo zero"

Submetido por taf em Domingo, 2011-12-04 21:52

Quanto a esta questão, e talvez indo ao encontro do que já foi escrito, parece-me que esta ideia, que poderá até ter os seus méritos, só colhe no âmbito de intervenções muito pontuais e não como regra a aplicar. Não advogo que não se faça a título gratuito, para casos bem determinados e específicos, uma reabilitação a custo zero para o seu beneficiário, apenas acho que o trabalho de quem se envolve nisso (arquitectos, construtores, trabalhadores, etc.) deve ser justa e devidamente remunerado por quem deve desempenhar esse papel nos ditos casos: o Estado (que no fundo somos todos nós, mas que neste momento, e de há uns tempos a esta parte, vai parecendo cada vez mais uma entidade indefinida, com vida própria, e que mais parece estar contra os seus cidadãos, do que com eles).

É que o Estado vai-se alheando cada vez mais das suas funções essenciais e parece-me que muitas vezes os exemplos de cidadania, como poderá ser muito bem o caso, mais parecem incentivar esse alheamento do que tornar-se um catalizador de vontade política para que se actue sobre os problemas. A sociedade "low-cost" que cada vez mais vai sendo implementada, e que vai progressivamente (agora em ritmo acelerado) cavando um fosso entre os mais ricos e os mais pobres, deixa que resvale para esse fosso a classe média, que deveria - e sempre foi - o sustentáculo da vida de todos nós, tal como a conhecemos. Para mais, num ciclo económico como o que se atravessa, seria de todo essencial que a despesa do Estado fosse feita de maneira produtiva, recuperando património, gerando riqueza, dando trabalho, gerando impostos, enfim, um ciclo que fosse eminentemente positivo.

Obrigado
Paulo Frey Pinto de Almeida