De: Pedro Figueiredo - "Fazer greve na Metro do Porto não é um direito, é um dever!"
Fazer greve na Metro do Porto não é um direito de facto, porque quem está precário "supostamente" não tem este direito. Melhor: até têm os precários a recibo verde este direito, só que sofrerão em princípio as consequências da sua precariedade em retaliações internas porque aos precários não há quem os defenda.
Na Metro do Porto é assim. Por experiência própria pude há cerca de um ano concorrer a um posto de auxiliar de bilheteira (aquele pessoal que ajuda as pessoas a usar as máquinas e a tirar bilhetes). Claro que o salário era baixo. Não esperava outra coisa. Menos claro é que, "seguindo a moda" liberal em voga, era "a recibo verde", ou seja, soma precariedade a baixo salário. O que já não devia ser normal. Acresce a isto o total - repito - total, desregulamento dos horários de trabalho. Este pessoal é enviado para uma qualquer estação, num qualquer horário e só no dia anterior é que sabe qual é o horário e a estação do dia seguinte... IMPERA PORTANTO A DESREGULAMENTAÇÃO e a total desorganização dos serviços. O tal grupo de privilegiados - altos quadros - fala portanto nas "mais modernas práticas empresariais do sector privado"... É disto que estamos a falar. É do retrocesso civilizacional que o capitalismo em geral tanto gosta e o governo PSD tanto incentiva.
Esses "quadros" que escreveram a carta devem ganhar bem, para se darem ao luxo de "falar". Os trabalhadores a recibo verde não devem nem falar, nem fazer greve, nem ter contrato, nem... nem... nem... etc etc. E quanto ganham os administradores de topo da Metro? Muito. Estamos carecas de o saber (eu sou careca). Posto isto, a greve não sendo um direito, torna-se um dever. E já nem falo nas questões nacionais que determinam o acumular de razões e razões para não só fazer greve, mas fazer uma Revolução. Que é o que Portugal precisa em geral e a Metro do Porto em particular.