De: Tiago Grande - "Modernidade infra-estrutural em Ramalde"

Submetido por taf em Segunda, 2011-10-24 23:56

Depois de anos isolados entre os jardins da urbanização (que estavam a ficar demasiado belos) e os terrenos agrícolas que alguns extraterrestres ainda vão cavando, os moradores da Prelada vão finalmente entrar na modernidade infra-estrutural que, até hoje, ninguém tinha conseguido levar para aqueles lados. Apoiado pela mancha amarela com que o novo PDM classifica aquela área, os moradores da Prelada assistem agora a chegada de um projecto que com grande inovação consegue:

  • trazer para Ramalde o imaginário alfacinha (no caso a Av. da República em Lisboa);
  • adicionar aos painéis de protecção acústica, que um dia vão ladear a VCI, os muros do acesso a um novo, belo e útil túnel, acabando de vez com a desgraçada envolvente verde que tudo suja;
  • fazer com que perante os cortes no investimentos em transportes colectivos o novo túnel possa servir para uns carros demorarem menos 5 segundos a chegar ao outro lado;
  • introduzir mais um objecto perdido num território que precisava tanto, mas tanto, tanto de um olhar capaz de ver o todo e as partes, capaz de ir da VCI à Circunvalação, de uma habitação ao espaço público;
  • fazer com que o terreno que está a norte desse túnel, e que poderia vir a articular-se com o projecto de requalificação das linhas de água que também mais a norte tem sido realizado, passe agora a ser muito mais apetecível (com a sua nova frente) a um banal projecto imobiliário ao qual a mancha amarela prevista no PDM nada poderá acrescentar.

Projecto para Ramalde
Depois

Planta do PDM

Ramalde
Antes

Confesso que não conheço o processo negocial que deu origem a esta intervenção, acredito que a resposta tenha sido negociada com a CMP e que a solução final seja a que melhor concilia os desejos da CMP, do promotor e do projectista. Não questiono as qualidades arquitectónicas e espaciais do novo projecto, no entanto questiono a capacidade da CMP em liderar uma estratégia de intervenção baseada no “aproveitando” dos investimentos privados. Essa estratégia só seria um bónus para a cidade se a resposta à pergunta de um promotor, como devemos construir ali? fosse algo mais do que o silêncio ou um qualquer modelo urbano genérico.

A diferente informação apresentada foi obtida em: Miguel Guedes, Árvores na Cidade, Expresso, CMP

EXTRA... Senhor Presidente & Companhia, com o dinheiro que o promotor vai gastar nesse túnel era possível: fazer um parque infantil; plantar 500 árvores; fazer uma ciclovia que se articulasse com a da Boavista; pagar melhor aos funcionários do supermercado; fazer super descontos durante o primeiro ano; comprar 4 ou 5 carrinhas para transporte de crianças ou idosos; requalificar os passeios de toda a área.

Cumprimentos
Tiago Grande