De: TAF - "3 posts já «off-topic»..."
... publicados porque vinham na sequência de textos anteriores, mas a sair do âmbito d'A Baixa do Porto.
De: Pedro Figueiredo - "Não há nada inevitável neste mundo (só a morte, e mesmo essa...)"
Cara Cristina:
Eu acho que na manif "geração à rasca", o "tema principal" foi a precariedade. Essa precariedade que me impede de ter direito a um subsídio que minimize temporariamente o meu desemprego, não obstante ter contribuido para este fundo através dos meus descontos por mais de 10 anos - era e é a questão dos falsos recibos verdes (PS e PSD têm ignorado e devolvido a questão, inúmeras vezes; a (extrema) esquerda levou a questão ao parlamento e constantemente chumbada... E a precariedade dos baixos salários, e a do desemprego em si, e a dos contratados à hora, à peça, ao dia, ao mês, aos 6 meses, etc... Para mim, foi esta consciência comum a tantos Portugueses que nos levou à rua... Por outro lado, e PS/PSD à parte, houve uma sobre-excitação da direita na manif do 12 de março contra o ladrão-do-Sócrates...
Este abandalhamento desviou a manif do 12 M do essencial: A "luta contra o sistema e as suas perversões, quer haja um governo PS quer haja um governo PSD". E no entanto, sim Cristina, também era o governo que estava em causa. Concordo. Mas isso é pouco. É o sistema que está em causa. E cada vez mais está em causa. O governo PSD é legítimo e democrático, de acordo, mas as suas políticas não são. São uma ditadura pré-fabricada à margem do país. E as pessoas - lamento muito - votaram enganadas através da sobre-excitação que roça o pornográfico que "isto era inevitável", que a austeridade para quem trabalha e é precário é inevitável". Não, não é inevitável. Na Islândia não foi inevitável. Os Islandeses mexeram-se para tomarem o rumo ao seu país, porque perceberam que não é inevitável ser o povinho a pagar a dívida, ou uma grande parte desta... Só em Portugal e na Grécia é que a desgraça da "cura" é ainda pior que a desgraça da dívida (dívida "de esquerda", de "direita", dívida legítima, dívida ilegítima - já não discuto isto, já passámos da fase de discutir a doença para discutir a cura). E mais dramático ainda é a mea-culpa das minhas esquerdas que não souberam ou não quiseram coligar-se num novo bloco à esquerda da esquerda capaz de ter força eleitoral para tornar Portugal um pouco mais Islândia e menos Grécia. Concordo que a Esquerda foi a grande culpada desta discrepância aparente entre a manif 12 M e o voto na direita-pior-que-Sócrates.
Legitimidade Democrática? Então agora, governar através de um directório externo que impõe a austeridade ao Povo em vez de a impor aos capitais, às bolsas, às transacções,aos off-shores, etc é legítimo? (Apesar do voto popular, por muito que nos custe, não é legítimo - sou eu a dizê-lo contra os milhares que votaram PSD, CDS e PS...) . Estamos numa miséria austera e legitimada pelo voto. O sistema está a pôr-se em causa a si próprio, a democracia chegou a um limite (estranho limite).
Rui Rio? É a cara da troika-antes-da-Troika, claro. Não pela via da dívida, Cristina, pelo contrário: é pela dívida que ele tem para com o Porto. Rui Rio deve ao Porto cerca de dez anos de desenvolvimento que não tivemos. A sua dívida é a reabilitação da cidade que não "lançou", reabilitando apenas um quarteirão a preços luxuosos (em 10 - dez - 10 anos!), os edifícios que quis vender, os mercados municipais que quer privatizar, os moradores que quer expulsar dos respectivos bairros (Aleixo), a falta de políticas sociais, de combate à miséria, ao desemprego, ao lançamento de programas económicos que desenvolvam a cidade. Ele não fez isto. É a sua dívida. não é uma dívida em "numerário", é uma dívida em "género"... Género "políticas mais incompetentes", género liberais e anti-económicas, disfarçadas de "bom aluno de contabilidade" (foi o que eu disse: género Troika-antes-da-troika)...
-------
De: Rui Valente - "Um dois, esquerda, direita, um dois..."
Em vez de trocarem mimos à esquerda e à direita (porque bem vistas as coisas só tivemos governos de direita PS/PSD/CDS, e os partidos ditos de esquerda da oposição, nunca governaram), talvez fosse mais inteligente questionar se em Portugal existe realmente uma esquerda. Se existe, a verdade é que nunca foi capaz de persuadir o eleitorado a constituir-se como uma alternativa credível de Governo, sendo certo também que a direita, de credível, tem muito pouco (para não dizer que não tem nada)...
Perguntem antes se acham mesmo que o sistema capitalista é humanizante, se foi concebido para beneficiar o Homem, ou para engordar os mercados e seus beneficiários, e se forem honestos - e não muito rebuscados -, encontrarão logo a resposta. O Movimento dos Indignados, é global, e ainda bem. Não é pertença de nenhum partido específico, nem de nenhum país específico. Afinal de contas, há crise, ou voltámos aos oásis de Guterres e de Barroso? Decidam-se!
-------
De: TAF - "Sempre a aprender"
Fiquei a saber pelo Pedro Figueiredo que, apesar de eu ter votado para ter este Governo e esta política, e de ter vencido as eleições, a Democracia à moda dele não devia permitir que eu visse concretizada a minha vontade. Parece que "não é legítima". Ele é quem tem direito de avaliar isso. ;-) Vai daí pedem-se tumultos e Assembleias Populares, isso sim muito mais legítimo.