De: Luís de Sousa - "Diferentes «degraus» de justiça!"
Na sua última intervenção o Paulo Espinha faz, e bem, justiça à obra do arquitecto Siza, que não deve ser retratada num degrau pouco funcional ou menosprezada por em certos casos desrespeitar alguns regulamentos standard que regem a arquitectura portuguesa, como há uns tempos a Paula Morais referiu aquando da classificação, por parte do IPPAR, da Casa de Chá da Boa Nova e da Piscina das Marés. Porém após o acto de justiça para com um mestre, o Paulo cometeu a injustiça de menosprezar o trabalho de outro, que eu ilegitimamente tenho que defender.
A Casa da Música é óptima em vários aspectos, tanto para que gosta como para quem não gosta. Para os que apreciam a obra do Arq. Rem Koolhaas, a casa é um excelente objecto de arremesso para lançar sobre o charco que alberga ideias normalizadas de fazer arquitectura. Para quem não acha grande piada a reinvenção do espaço do holandês a mesma casa é um excelente saco de pancada para justificar e valorizar outras arquitecturas, perfeitamente assimiladas pela generalidade das pessoas. A casa não se ressente muito, pois devido à sua forma umas arestas a mais ou a menos provocadas pelos arremessos ou pelos pontapés não farão grande diferença nem para os que gostam nem para os que não gostam.
Porém quando se evoca "assinatura de ruptura em nome de uma ideologia qualquer sem nexo" temos de estar certos do que estamos a proferir, pois aquele a quem o Paulo se referiu desta forma não é um louco qualquer que um dia resolveu propor aquele projecto para o topo da Avenida da Boavista. Trata-se de um "louco particular", um arquitecto de prestígio, laureado com prémios importantes como o Pritzker ou ou o Mies van der Rohe, e que ao longo dos últimos 30 anos, após ter fundado a OMA, se tornou uma referência a nível teórico e prático para muitos arquitectos um pouco por todo mundo. Portanto penso que quando o Paulo referiu que a obra de Rem Koolhaas era assente numa ideologia sem nexo, cometeu uma injustiça, pois a obra deste merece o mesmo respeito que a obra do Arq. Siza oferce, já que com linguagens arquitectónicas distintas são referências na arquitectura contemporânea procurando sempre reinventar os programas que se propuseram projectar.
Cumprimentos
Luís de Sousa