De: António Alves - "Teatros"
Foto retirada daqui
Caro Teodósio Dias,
Poderá ter razão, mas a mim parece-me apenas um sobrepeso da "tradição" que fecha o país em Agosto à excepção do Algarve. Afigura-se-me também uma falta de capacidade de inovação e adaptação do sector artístico às novas realidade e mercados. E desculpe-me a linguagem económica mas parece-me que se aplica bem. Peças curtas e ligeiras poderiam ser uma boa opção. Faladas em inglês. Hoje em dia toda a gente se entende em inglês. Olhe, recorriam aos clássicos. Não há nada mais leve, clássico, divertido e apropriado para uma noite de verão que uma das pequenas peças de Gil Vicente. Uma boa tradução para inglês poderia fazer milagres e ser um modo de dar a conhecer a nossa cultura. Molière e Shakespeare, entre outros menos afamados, poderiam ser outras opções. A genialidade destes autores clássicos tornou-os intemporais e garantidamente elásticos para se ajustarem a várias formas e épocas. Os novaiorquinos fazem o "Shakespeare in the Park", porque não se faz por cá também o Gil Vicente no Parque ou na Praça? Existem por cá belas Praças e Jardins que eram facilmente transformadas em Teatros. A mim faz-me espécie ver o dinheiro a passear à nossa frente e ninguém o aproveitar. Somos todos lordes. Também eu já me meti numa pequena sala de teatro em pleno verão na cidade de Praga. Dei o meu tempo por bem empregue. Foi uma hora de diversão, descanso e penumbra numa tarde de canícula nas ruas.