De: Augusto Küttner de Magalhães - "Prédios devolutos e ainda a Ponte D. Maria"

Submetido por taf em Terça, 2011-08-16 23:06

Um muito interessante trabalho que José Lopes fez sobre esta temática em Lisboa. Por certo estendê-lo ao país seria excelente, seria necessário. Talvez socorrer-se dos censos, dos sites da Câmara e talvez das ainda muitas Juntas de Freguesia, seja possível fazer um aqui para o Porto, e depois pelo país fora. É dramático dar-se uma volta pelo Porto, que já não só no Centro/Centro, basta começar pelas redondezas da Rotunda da Boavista e ir andando até ao Centro e é tudo abandonado, tudo cimentado - janelas e portas, tudo devoluto. Parte até as Finanças deverão conhecer, dado informarem as Câmaras para estas poderem aumentar o IMI em habitações devolutas. Mas, sobretudo, seria necessário "um dia" aproveitar-se para pensar o que de mal todos fizemos, quando em vez de recuperar/restaurar, abandonámos as casas existentes para ir viver "em calma, em sossego" nas periferias. Hoje não temos sossego em lado algum e temos abandono por todo o lado. Bom trabalho, o primeiro já feito para Lisboa.

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Nós que tanto gostamos de ver pontes a atravessar rios neste nosso país - quase como era, em tempos recentes, fazer rotundas em tudo que era cidade - no nosso Rio Douro já temos algumas, se bem que não as suficientes. E sem dúvida que necessitaríamos de mais uma - que não será feita na próxima década - provavelmente à cota baixa - não exagerada - que unisse as duas margens, em frente a D. Pedro V, da parte do Porto, sendo que da parte de Gaia já será mais complicado, dado estar lá a nascer mais "um prédio novo, ou um novo prédio"! Mas depois faz-se um desvio...

Bem, voltando às pontes que já temos, continua a ser espantoso ninguém querer fazer turismo com uma obra excelente que é a Ponte D. Maria, e havendo nestes meses de Julho e Agosto tantos turistas junto às "ribeiras" de Porto e de Gaia - ainda não são uma única cidade, o que é pena, ninguém quer dar uso àquela ponte. E nós, estamos cá todo o ano, poderíamos ter mais um local a beneficiar-nos. Foi, repensada, tantas vezes, como pedonal, como passeio entre as duas margens, mas como "está lá mais para diante" assim vai ficar, como tantas, tantas obras de arte e de História que temos ao abandono neste nosso País.

E fala-se em Fado, deixemo-nos de Fado, esqueçamo-lo, bem como às suas lamúrias, saudades e tristezas, e agarremos ao que de memorável temos, ao que existe, e que deve ser aproveitado, conservado e melhorado. E se em tempo os "ricos" eram os americanos, que tudo a todos compravam, coitados, hoje estão tão mal como nós, europeus, logo esses já não irão ter dinheiro para a comprar e para a América levar - ainda a Ponte de D. Maria, no Rio Douro, entre Gaia e Porto, como foram fazendo - pelo mundo fora, nomeadamente com uma Ponte em Londres, e não só - dado só terem de história pouco mais de 200 anos, aproveitavam a dos outros... Mas os chineses, esses ainda têm dinheiro, apesar de também terem muita história, talvez nos comprem a ponte e a plantem lá, e lhe dêem proveito, uso. Isto, se nós cá nada quisermos fazer, e se andarmos ainda hoje a gastar dinheiro em projectos passageiros, em vez de agarrarmos o que tem valor e perdura. E a Ponte D. Maria corre o risco de cair, magoar muita gente, e perder-se para sempre, se nada for feito.

Augusto Küttner de Magalhães