De: António Alves - "A actividade económica futebol"
«Já a total separação do Futebol é diferente, são áreas que não necessitam de se "misturar"»
Com um volume de negócios superior a 300 milhões de euros, os clubes de futebol profissional em Portugal integram uma indústria de elevado valor acrescentado e com potencial de internacionalização [1]. O FC Porto, um dos três maiores clubes portugueses, só na época 2009/10 obteve 65.800.000€ de receitas através de transferências de jogadores. Foi nessa época o quinto clube do mundo que mais dinheiro obteve neste segmento do negócio mais lato que é o futebol. No entanto, e como se tem verificado nos últimos anos, se retirarmos Inter, Manchester United e Ac Milan que bateram recordes na venda dos seus jogadores, tal como a venda em saldo de uma série de estrelas por parte do Real Madrid, o FC Porto continua a ser o clube que em média mais receitas gera provenientes da venda de jogadores [2]. Mais ainda, a marca F.C. Porto foi avaliada em 291 milhões de euros pela MyBrand. Esta avaliação do EVA (Economic Value Added) do Grupo abrange as unidades de negócio SAD, F.C. Porto, Porto Comercial, Porto Estádio e Euro Antas, bem como uma análise do papel e força da marca no mercado. O FC Porto foi ainda considerado o Melhor Clube do Mundo em Março de 2011 pela IFFHS. Em 2004, segundo um estudo realizado pela FutureBrand, uma empresa americana especializada em consultoria de marcas, o FC Porto foi considerado a marca mais valiosa do futebol português. O estudo apresentou as 30 marcas mais cotadas do futebol europeu e Portugal contou apenas com um representante, o FC Porto. O estudo avaliou factores como: o valor das marcas, a lealdade dos adeptos, a capacidade de conseguir aumentar a venda de bilhetes para os jogos e o valor financeiro do clube. Neste estudo de marcas europeias, o FC Porto ocupou a primeira posição em Portugal e a 21ª na Europa [3].
O crescimento real da indústria do futebol, superior a 7% ao ano na última década, ultrapassou largamente o crescimento médio da economia Portuguesa e Europeia durante o mesmo período – 0,7% e 1,3%, respectivamente. Este crescimento dos negócios foi acompanhado por um enorme esforço de investimento. O activo total dos clubes de futebol que competem na primeira liga mais que duplicou, elevando-se a 880 milhões de euros na época de 2009/10 [1].
Que um anónimo cidadão sustente a frase que inicia este texto é compreensível, discutível, mas irrelevante e inofensivo. Que o edil da cidade que alberga esta formidável potência económica paute por ela a sua conduta, apesar de ostentar o título de licenciado em economia, é acima de tudo perigoso e, isso sim, vandalismo.
[1] CASTRO, A. de, NASCIMENTO, Á. J. B. do, MOREIRA, R., & SANTOS, F. (2011). Competição Fora das 4 Linhas. Porto.
[2] Finance, F. (2010). Mercado e Transferências. Futebol Finance.
[3] FutureBrand. (2004). The most valuable football brands in Europe. Europe.