De: Pedro Figueiredo - "Túneis à Direita e Pontes entre as Esquerdas"

Submetido por taf em Quarta, 2011-07-06 18:19

Sim, há diferenças entre Direitas e Esquerdas. Na governação da CMP há diferenças claríssimas e óbvias, por exemplo. A primeira diferença é que as direitas têm sempre a "visão" de se unirem para conquistar o poder e as esquerdas o "orgulho" de não se unirem (quase) nunca para governar, local ou nacional. No caso do poder local, sobra a honrosa coligação de Jorge Sampaio, capaz de unir vontades, do "centro" até à "extrema" esquerda, e assim, conseguir o que foi necessário para naquela altura fazer um governo local, "progressista", modernizador e com políticas "públicas"...

Para breve - autárquicas 2013 - para o Porto, será absolutamente necessário LANÇAR (ir lançando) PONTES ENTRE AS ESQUERDAS PARA QUE HAJA UMA COLIGAÇÃO PARA GOVERNAR O PORTO COM POLÍTICAS PROGRESSISTAS, MODERNIZADORAS, PÚBLICAS e, já agora, com SENSIBILIDADE SOCIAL e TACTO, ou seja, para "corrermos" com as "políticas" de direita que o povo votou e concordou para 12 anos, e que são o contrário. Seja com Menezes (ou Rui Moreira que seja...) Para tal, orgulhos de parte, as Esquerdas têm de se sentar e escrever um PROGRAMA COMUM que as UNE e que responde "áquilo" que os Portuenses precisam e para o qual "a direita" se está a marimbar! A candidata ou o candidato desta hipotética Coligação das Esquerdas vai ter de governar com políticas óbvias mas que fogos-fátuos como Rio ou Menezes não são capazes de propôr, por incapacidade e - sim - por serem de direita (legitimamente e consequentes com a sua própria visão, de resto).

Menezes - Depois de entregar um teleférico a um privado que cobra cerca de 10 euros para ir e voltar da ponte D. Luís até à ribeira de Gaia, ou ainda: depois de propor em tempos de contenção orçamental e fim de fantasias faraónicas de autarca, propor um "túnel" portajado entre Foz e Praias de Gaia... Numa zona "de paisagem" calha mesmo bem um túnel / Numa altura de contestação a toda e qualquer portagem calha mesmo bem uma portagem "entre duas cidades que estarão (!) em rota de aproximação / Numa altura de austeridade calha mesmo bem fingir que há ou haverá dinheiro para uma "coisa" tão descabida... Quanto a Rio, nem vale a pena falar: salazarista, sem visão, ditador, não dialogante nunca com as forças "vivas" do Porto, anti-história, sem-memória.

A minha " declaração de intenções": sou do BLOCO (favor bater, se quiserem, não há problema) mas, antes de ser do BLOCO, sou "de Esquerda" e até "das Esquerdas". E sei, por intuição, partidos à parte, que o Porto precisa desta COLIGAÇÃO DAS ESQUERDAS como de pão para a boca. haja abertura para:

- Fazer participar o Estado Central e a CMP numa política pública de "arranque" da Reabilitação Urbana. Já todos vimos que aumentar as rendas é nada em termos de reabilitação urbana, e que "entregar ao arbítrio do mercado livre" a reabilitação que tarda, esperando que haja o milagre de se conseguir com o "livre mercado" baixos preços acessíveis a portuenses pobres e remediados é mais que tôlo, é uma impossibilidade. Por isso, rendas mais altas vai ser mais impossibilidade de clientes para essas casas, mesmo que já reabilitadas pelos seus proprietários. (Basta verem os preços actuais das rendas novas, altíssimas e nada concorrenciais para com a "compra"...). Fazer participar a inteligentsia da "Escola do Porto" através do seu centro de estudos FAUP na "entente" reabilitação urbana... Como é possível uma CMP desperdiçar todo o conhecimento da Escola do Porto, dos seus arquitectos, Siza, Souto Moura, etc... só porque a direita que a sustenta é inculta e assim quer continuar a ser? No máximo usam os arquitectos que se deixam usar como flor na lapela de cerimónias oficiais... e quanto a aproveitar o potencial da Universidade - Nada.

- Mudar a SRU para políticas "inteligentes" e públicas. "É de direita" achar-se que faz sentido ou ser inevitável haver TO, T1, T2 nos quarteirões "reabilitados" a 200.000 euros preço de venda? Pelos vistos é. Rui Moreira não parece discordar. Outro mau candidato (porém simpático e cordato gentilhomem) "de direita", cheio de hipóteses de ganhar... mas que concorda aparentemente que a "SRU" está bem, funciona bem e concorda então (!) que faz sentido as coisas como estão na SRU: não reabilitar de forma acessível e barata para atrair jovens casais da periferia... competindo com as periferias que continuam a sugar o Porto.

- Parar de estigmatizar os bairros sociais e incluir "os bairros" no processo de reabilitação. Faz sentido criar habitação social "em malha" urbana, na baixa, fora do ghetto, com as outras "classes" que (também ainda não) habitam o centro. Conseguir fazer isto é ter sentido urbano e seria "de esquerda" com certeza.

- Ter uma visão Pública e de "aproveitamento" dos Equipamentos da cidade. O contrário já o conhecemos e é bem de direita, Rui Rio entrega tudo aos grupos económicos e a baixo preço. As Esquerdas só podem fazer o inverso: Reabilitar. Ter programas modernizadores que incluem "os comerciantes" (no caso dos Mercados), os "Artistas" (no caso dos Teatros), as instituições interessadas como a Cinemateca ou o Cineclube (no caso do Batalha, da Casa das Artes, do Cinema morto em geral) etc, etc... Dialogar com as instituições de forma diplomática é preciso, porque óptimos equipamentos temos muitos. E melhor do que faz esta "direita" é fácil fazer. Também já se percebeu que a actual CMP é muito pouco Liberal, no que toca à política para os seus equipamentos. Entregar equipamentos públicos aos grandes grupos privados é "intervenção no mercado", é nada liberal, é tomar partido por grupos económicos grandes em detrimento por exemplo dos pequenos comerciantes que querem vender as suas frutas e legumes e ficam impossibilitados de "aceder" ao (seu) mercado. Alguém que dê aqui n'A Baixa do Porto umas lições de Liberalismo a Rui Rio. (Não eu, que sou Marxista.) Por alguma razão o Continente e Pingo Doce avançam para a fatia de mercado médias superfícies comerciais urbanas à medida que a CMP vai cortando as possibilidades dos microcomerciantes... anti-liberalismo, portanto.

- Ter uma visão integrada para os transportes: fazer o que Rio "promete em dias sem carros e esquece durante o ano" - sistema partilhado global de bicicletas eléctricas re-utilizáveis e a funcionar em rede com o Metro. Visão metropolitana para a Bicicleta. Como em Lisboa, penalizar forte e feio quem não usa nem quer usar os transportes públicos, tornando os preços do estacionamento central "incomportáveis" e embaratecendo o estacionamento da periferia... Promovemos assim pôr os carros o mais fora possível. Usem o Metro e os STCP que não ficarão mal servidos. O estacionamento da cidade será feito "apenas" para (os poucos) moradores através de cartão de morador / inscrição. Isto é uma política "de esquerda".

- Ter a certeza que é preciso um Programa com visão de Emprego para o Porto. Porque há crise. Porque só haverá habitantes se para além do preço da habitação acessível houver emprego real na cidade do Porto. Achar que o Turismo é uma coisa normal e que não passa por lojas Louis Vuitton na Avenida dos Aliados. "De esquerda" é propôr coisas simples que vão acontecendo assim aí pelas europas um pouco mais civilizadas como: passes turísticos que incluem visitas a vários monumentos, "por atacado" e assim potencializar o efeito "em rede". Achar que não haverá só que criar emprego para o Turismo, mas também para o pequeno comércio em geral.

Outras coisas.