De: José Machado de Castro - "Fecho da linha Porto-Vigo é mais um acto hostil à região Norte!"
O anúncio pela administração da CP do encerramento da linha Porto-Vigo, já a partir do dia 10 de Julho, é mais um acto hostil à região Norte. O encerramento da linha férrea, justamente no mês em que, por força da realização do Dia da Pátria Galega e doutras festividades, é habitual uma maior deslocação de portugueses à Galiza, prejudica a mobilidade na euroregião Norte de Portugal-Galiza e o reforço, tão necessário, das relações económicas. Acresce que esta decisão ocorre num momento em que se verificam diminuições muito significativas na movimentação de pessoas entre o Norte de Portugal e Galiza em resultado da introdução, sem qualquer racionalidade económica e social, de portagens na ex-SCUT A28.
É certo que a política defendida pela direita de “regresso ao passado”, de manter o Porto e a região Norte confinados à sua geografia e inteiramente dependentes do “Terreiro do Paço”, não é de agora. A ferrovia na região foi deixada ao abandono, com a consequente degradação do serviço prestado: por exemplo, na linha Porto-Vigo apenas um horário, às 7h55, e mais de três horas de viagem para percorrer, por 12 euros, menos de 150 kms! PSD e CDS/PP tudo fizeram para inviabilizar a construção da nova linha férrea mista Porto-Vigo, com a qual se obteriam, de acordo com o estudo rigoroso elaborado em 2008 pelas universidades do Porto e do Minho para a CCDRNorte (“Efeitos económicos da melhoria da ligação ferroviária Porto-Vigo”), benefícios sociais de 615 milhões e impactes, durante a construção, de 5 mil milhões de euros de incremento do produto e 20.000 empregos.
Infelizmente, o PS rendeu-se inteiramente à política centralista e centralizadora do PSD e CDS/PP. Apesar de ter aprovado em 2009 (Resolução do Conselho de Ministros nº 9/2009) medidas preventivas pelo prazo de 2 anos no troço ferroviário Braga-Valença, o PS alinhou com o disparate da introdução de portagens (como o PSD exigia) e aceitou as posições da direita de cortar todo o investimento público na região Norte e em concreto na melhoria da ligação ferroviária com a Galiza. Também por razões ambientais (que nunca entram nas “contas” dos governantes) o investimento na ferrovia, mista e de bitola europeia, é fundamental para tirar a região Norte da lista das regiões mais pobres da União Europeia. Como o encerramento da linha Porto-Vigo bem demonstra, é preciso pôr em causa as políticas de direita do PSD e CDS-PP (e que o PS tem subscrito) que afundam a região Norte e o país.
José Machado Castro – deputado metropolitano do Porto