De: Paulo Espinha - "«Tráfego nas pontes do Porto supera o das travessias lisboetas»"
Na Edição de 1 de Julho de 2011, o Semanário "Grande Porto" traz um artigo intitulado "Tráfego nas pontes do Porto supera o das travessias lisboetas" (página 9). Não vou, nestas minhas poucas linhas tecer qualquer consideração sobre o assunto, vou tão somente apresentar alguns números que saem dos que integram o próprio artigo. Globalmente, os números apresentados, que se referem apenas às pontes 25 de Abril e Vasco da Gama em Lisboa e da Arrábida e do Freixo no Porto e que se incluem no Relatório de Tráfego na Rede Nacional de Auto-Estradas (INIR), sustentam o título do referido artigo. Dados apresentados, entre alguns outros:
- Porto (Arrábida + Freixo): TMD = 231.000 veículos
- Lisboa (25 de Abril + V.Gama): TMD = 213.000 veículos
- Porto (Arrábida): TMD = 136.000 veículos (acréscimo de cerca de 2,5% entre 2009 e 2010)
- Lisboa (25 de Abril): TMD = 148.833 veículos (quebra de cerca de 0,4% entre 2009 e 2010)
Contudo, aplicando "de modo muito grosseiro" conceitos e rácios muitos simples, também podemos obter as seguintes médias por via:
- Porto (Arrábida + Freixo, 6+8 vias): TMD/via = 16.500 veículos e TMHP/via = 1.155 veículos
- Lisboa (25 de Abril + V.Gama 6+6 vias): TMD/via = 17.750 veículos e TMHP/via = 1.250 veículos
e no caso das duas pontes mais penalizadas (as de oeste):
- Porto (Arrábida, 6 vias): TMD/via = 22.666 veículos e TMHP/via = 1.590 veículos
- Lisboa (25 de Abril, 6 vias): TMD/via = 24.666 veículos e TMHP/via = 1.730 veículos
No artigo e portanto nesta análise não se consideram as pontes de Vila Franca de Xira em Lisboa e do Infante, Luís I e do IC24 no Porto..., não estão considerados outros modos de transporte, não se está a considerar a diferença entre tráfego de atravessamento e a mobilidade local, etc, etc, etc. Isto é, não se está a apresentar os resultados e as sínteses de uma análise aprofundada comparada da mobilidade entre as duas grandes áreas metropolitanas, no quadro de uma política de transportes sustentável. No mesmo artigo, nenhum responsável é peremptório e nenhuma decisão está tomada quanto à implantação de uma nova ligação entre as margens do Rio Douro, mas faz-se a referência a estudos que estão a ser encetados para uma eventual ligação entre Lavadores (Vila Nova de Gaia) e o Castelo da Foz (Porto). Paralelamente, alude-se ainda ao facto de uma ligação no Douro custar sensivelmente menos que um atravessamento do Tejo e faz-se ainda referência à prudência expressa por outros técnicos.
Eu, destes números, só retiro duas conclusões: 1 - em qualquer um dos casos verifica-se um forte desequilíbrio entre a ponte mais a oeste e a ponte mais a leste (isto é, os sistemas encontram-se descompensados...) e 2 - percebem-se os engarrafamentos em hora de ponta das duas pontes a oeste. Lembramos que há muitos antecedentes sobre novas ligações no Douro, inclusivamente pedonais. Seguramente teremos nos próximos meses desenvolvimentos deste assunto.
Notas:
TMD - Tráfego Médio Diário
TMHP - Tráfego Médio Hora de Ponta (considerou-se 7% do TMD)