De: António Alves - "É no Porto que se compra o que Portugal tem de melhor!"
"Também até ao final do ano será inaugurado no Palácio das Cardosas o novo Welcome Center da cidade do Porto que «será o melhor e maior da Europa, com um espaço de 400 metros quadrados, plataformas interactivas e tecnologias limpas», para além de «um conjunto de novidades» como «um espaço para crianças que acompanhem turistas, para mochileiros, um espaço gourmet para afirmação de produtos regionais e um auditório»"
O parágrafo acima foi retirado desta notícia onde o Melchior Moreira, presidente da Entidade de Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, tece algumas críticas avisadas ao afunilamento do investimento oficial em turismo na tríade de sempre: Lisboa, Algarve e Madeira. Transcrevo-o principalmente pela sua parte final onde se diz que o novo Welcome Center para turistas da cidade do Porto será "um espaço gourmet para afirmação de produtos regionais".
Ora bem, além de considerar esta ideia como excelente julgo que ela deverá ser estendida a toda a área da Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados - aquilo a que os portuenses chamam simplesmente "A Praça". Em vez de lojas Louis Vuitton ou Armani, como já li que querem atrair para as magníficas e subaproveitadas lojas que existem nos edifícios que a circundam, devia-se promover a ocupação destes espaços com lojas e representações do que melhor se faz na Região Norte e em Portugal. Nesta região fabricam-se excelentes sapatos (já são os segundos mais caros do mundo depois dos italianos) e excelentes têxteis, que contam já com marcas de razoável prestígio internacional em vários segmentos (Fly London, Salsa, Luís Onofre, etc.). Produzem-se também magníficos vinhos, os do Douro são sistematicamente bem classificados nas mais prestigiadas revistas internacionais da especialidade e os Alvarinhos também contam com a sua quota parte de notoriedade. Outros tipos de produtos, inclusivamente de cariz mais tecnológico, poderiam ser dados como exemplo.
Promover a ocupação dos espaços comerciais em volta da Praça com as chamadas grandes marcas internacionais não acrescenta nada de inovador ao Porto e nem o diferencia de uma qualquer outra cidade como destino turístico. Cada vez mais o turista moderno aprecia a diferença e está interessado em encontrar experiências e coisas diferentes da sua realidade quotidiana. Um conjunto de lojas de alta qualidade que exponham bons produtos portugueses poderá ser um excelente veículo de marketing para dar a conhecer a quem nos visita o melhor que por cá se faz e, consequentemente, melhorar a imagem do país e incentivar as exportações de que agora tanto se fala. Julgo até que seriam elas as âncoras que acabariam por atrair outras marcas de prestígio internacional e não o inverso.
Cada vez mais turistas das ascendentes classes médias brasileiras e angolanas nos visitam. O Porto pode transformar-se num destino de excelência para estas pessoas cada vez mais afluentes. Com uma Praça recheada de boas lojas portuguesas, poderíamos dizer-lhes que é no Porto que se compra o que Portugal tem de melhor. Parece-me que a aposta numa estratégia deste tipo será muito mais inteligente e proveitosa do que apostar em transformar a Praça numa praça igual a qualquer outra das que existem por esse mundo fora.