De: Pedro Figueiredo - "A festa de S. João é a Região Metropolitana do Porto"
Ocorreu-me ontem, durante o fantástico fogo de artifício, que a região metropolitana do Porto tem todo o seu potencial escrito na Festa de S. João – “Uma autêntica metáfora viva” daquilo que (já) somos capazes de ser aqui no Porto-região, mas ainda não somos no dia-a-dia, por incapacidades várias.
- (na Festa de S. João) Já somos capazes de ser uma cidade sem carros, em que muito naturalmente as pessoas circulam, rua abaixo, rua acima, ordeiramente. Em que a escala do peão é a escala da Rua. O tamanho e a escala da cidade é absolutamente propício a que as deslocações a pé estejam inscritas na cidade. Este potencial merece ser aproveitado. (Ainda me lembro nos anos 80, em que havia “muito naturalmente” uma ideologia automóvel que impedia o S.João “muito naturalmente” de ser uma festa fluída…)
- (na Festa de S. João) Já somos capazes de ser uma cidade com transporte público Metropolitano a horas que dantes não lembrava ao diabo, mas que às vezes fazem mesmo bastante jeito. Não é nenhuma impossibilidade haver Metro até altas horas, de modo a que também a estas horas as partes que constituem o todo da região metropolitana se possam encontrar e “viver”. Este potencial merece ser aproveitado.
- (na Festa de S. João) Já somos capazes de ser uma cidade interclassista e internacional(ista…). Em que sabemos ser tão naturalmente todos em um – sabemos que tanto os da Foz, os da Ribeira, os do “bairro”, os da Marechal, os de Paranhos, Campanhã e Ramalde, os das Ribeiras, os de Valongo, Ermesinde, Gondomar e Gaia, os estrangeiros dos países ricos que estão cá de férias, os novos estrangeiros dos países que imigraram para Portugal – chineses, russos e indianos. Todos nós vamos ao S. João. E daquela forma como só nós os Portuenses ricos, pobres, remediados, estrangeiros, da periferia ou do centro sabemos fazer: sem “marchas” populares… - apenas sair à rua, tomar conta das ruas, martelar os outros, dar e receber.
Ontem dei e recebi marteladas de chineses e indianos no Porto. Não é fantástico? Este potencial merece ser aproveitado.
(Quando há motivo sério e sentido, conseguimos ser “todos em um” – estou-me a lembrar do 1º de Maio de 1974 e do 12 de Março de 2011, não tão distante, em que Portuenses das mais diversas famílias conseguem, se quiserem, “ser todos em um”.)