De: Vítor Silva - "Ainda as corridas"

Submetido por taf em Segunda, 2011-06-20 23:55

Pelo que nos diz a reportagem do Porto24 sobre o Circuito da Boavista ele terá um retorno 5 vezes maior que o investimento, já que segundo as contas da Câmara custa 6M€ (equivalente a cerca de 3% do Orçamento da CMP) e o retorno pode atingir 32M€. Parece por isso uma proposta irrecusável a realização deste evento.

O problema põe-se com a forma como os potenciais proveitos são contabilizados. É que, se os gastos são fáceis de apurar, porque são gastos directos, já os proveitos é mais difícil, porque para chegar a esse valor de 32M€ serão certamente proveitos directos e indirectos e a grande questão para mim é perceber que proveitos indirectos estão a ser contabilizados e que premissas foram tidas em conta para determinar esse valor. Também não ajuda o facto de em Março os valores apresentados serem de 14M€ de retorno para um investimento de 700 mil euros... é verdade que a história vinha no i pelo que se calhar falta alguma coisa mas ainda assim... Reparem que eu não questiono que haja essa indicação de que pode haver um retorno de 32M€, só quero é perceber como se chegou a esse valor, e já agora perceber no cenário menos optimista qual o menor valor de retorno considerado. Isto porque infelizmente já estou um pouco de pé atrás em relação a estudos que dão sempre os resultados que as pessoas que os encomendaram estavam à espera.

Neste momento o que temos é o histórico da última edição que, pelas contas da Porto Lazer terá custado uns 3M€ para um retorno directo de 1,5M€ (pág. 64 do PDF) e que aparentemente até causou algumas dificuldades de tesouraria à empresa municipal. Ou seja, supondo (só para simplificar) que o dobro do investimento gera o dobro do retorno, ou seja, um investimento de 6M€ gera um retorno directo de 3M€ isso quer dizer que temos um potencial de 29M€ que vai ser gerado indirectamente. Mas como se mede isso e onde ao certo é que são obtidos esses ganhos? Nos hotéis? Nos equipamentos culturais? Nas visitas às caves (que até ficam em Gaia)? Na imagem do Porto nos mercados externos que podem ser os nossos públicos-alvo?

E o que ganhamos nós de facto com isso? Mais do que acreditar que uma ideia que pode parecer interessante o é, o que eu gostava mesmo era de poder ver valores concretos daquilo que se obtém com estes investimentos. Porque isto de ir periodicamente gastando uns milhões na Av. da Boavista quando temos zonas da cidade tão esquecidas que até o sr. do Google Maps não quis passar por lá (tentem ir a Bonjóia usando o Google Street View) não faz muito sentido na minha cabeça.