De: Rui Encarnação - "Pobre e mal agradecido"

Submetido por taf em Quinta, 2011-05-12 16:43

A nossa Câmara – ou seja, quem a okupa há cerca de 10 anos – é pobre. Pobre de ideias, de conceitos, de valores e até pobre de educação. É pobreza – intelectual e de espírito, e de educação – expulsar quem utilizou um espaço público, vazio, abandonado e maltratado – por quem tem a obrigação legal e dos votos de dele cuidar – apenas porque não gosta que alguém o ocupe! E quando esses ocupantes cuidaram – sem custos, nem subsídios – desse espaço que é nosso e nele fizeram actividades em prol de todos (ou seja fizeram aquilo que a Câmara não sabe ou não quer fazer, pois já o podia/devia ter feito há muito), a sua expulsão a golpes de polícia municipal não só é BURRA, como é MAL EDUCADA.

Nesta terra, que é o Porto, quando alguém nos faz bem agradece-se! Não se cospe no prato em que se come! Está visto que, daqui a dias, vai surgir o anúncio de mais um – ainda mais um – concurso de ideias para o espaço ou de qualquer coisa arranjada à pressa para salvar a face da Câmara. O que é outra pobreza, a pobreza de espírito e de honra (que quando existem têm associada a capacidade de reconhecer e corrigir o erro). Mas o mais curioso é que os indefectíveis defensores desta Câmara e do seu venerando (LOL) Presidente, tal como sucede nas outras vergonhas que nos tem feito passar com a sua gestão da coisa pública à moda da fábrica de vão de escada, mais uma vez não vão exigir esclarecimentos, prestação de contas públicas e, muito menos, responsabilização dos autores de semelhante façanha. Fica tudo à conta do senhor ser pobrezinho e honrado (só falta definir este último conceito).

PS: (Hoje; 6h55; Largo de Mompilher) Abordado à chegada ao trabalho por uma turista francesa, já bem dentro dos sessentas, consegui, no meu péssimo francês, orientá-la em direcção ao Mercado do Bolhão, para onde a dita senhora se dirigia e queria visitar. Despediu-se desejando-me um simpático bom dia e não pude deixar de retribuir o desejo, apesar de ter sentido a profunda vergonha de não ter sido capaz de a avisar para a enorme desilusão que ela iria sentir quando chegasse ao Bolhão!