De: Vítor Silva - "Confiem nas pessoas, mesmo que não as conheçam"

Submetido por taf em Quarta, 2011-05-11 16:51

Há uns anos atrás Rui Rio contou como apareceu o programa Porto de Futuro que liga empresas a escolas do Porto. Tal como contou no debate da Fundação SPES, essa ideia foi sugerida por Valente de Oliveira e o Dr. Santos Silva e sugeria que se contactassem empresas para “apadrinhar” escolas e de alguma forma criar relações entre escolas e empresas. Como acrescentou, ou deixou implícito, na altura não estava bem a ver como se poderia implementar isso ou se realmente seria uma iniciativa interessante mas achou que se devia testar essa ideia, dizendo mesmo “Eu próprio, quando nos aventuramos a lançar [o programa], tive dúvidas se iria ser um grande sucesso, pequeno sucesso ou insucesso” (ouvir aqui no minuto 10). No entanto o programa foi para a frente e é considerado na CMP um sucesso.

Isto terá sido talvez em 2007… fast-forward para 2011… um grupo de pessoas apropria-se de instalações públicas (uma escola pública abandonada há 5 anos) e começa a desenvolver um projecto que pretende dar à comunidade alguns serviços que ela não tem. Um daqueles projectos Low-Cost / High Impact que temos falado no Cidades pela Retoma. Não se sabe bem se será “um grande sucesso, pequeno sucesso ou insucesso” mas pelos vistos pelo menos as pessoas dessa comunidade estão a gostar dessa intervenção.

Qual é a opção da CMP? Retirar de lá toda a gente e voltar à situação que mantiveram durante 5 anos, ou seja, abandono. Claro que podemos argumentar que estas pessoas podiam ter falado com a CMP mas exemplos como a reacção inicial da CMP ao festival “Se esta rua fosse minha“, ou a perspectiva até bastante liberal de não ficar à espera que o Estado faça coisas que nós podemos fazer por nós próprios, levou estas pessoas a arrancar com o projecto.

A CMP vem agora dizer, e eu acredito, que tem um projecto para aquela escola. E eu devolvo a pergunta: mas esse projecto não era compaginável com o que está lá a ser feito? Não se poderia chegar a algum tipo de entendimento? Ou pelo menos fazer o esforço para ver se seria possível um projecto ainda mais ambicioso e integrador do que aquele que já lá estava a ser desenvolvido? E já agora, quando é que vai arrancar? E em que moldes?

Certamente que nem toda a gente na CMP tem o mesmo tipo de perspectiva em relação a estes movimentos e a estas coisas que afinal até são inovadoras e demonstram o pensamento “fora da caixa” que muitas vezes nos exigem. O que sugeria era que se comece a dar algum tipo de crédito a estas iniciativas e eventualmente a falar com elas antes de tomar este tipo de medidas.
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