De: José Ferraz Alves - "O exemplo dos princípios e dos valores – de Timor para o Norte"
Por muito que me digam que as instituições existem porque há necessidade de nos precavermos de um denominado “Mau Príncipe”, começo a não ter dúvidas de que a aposta deve ser continuamente feita na promoção, apoio e divulgação dos valores éticos das pessoas que corporizam essas organizações. As pessoas fazem toda a diferença, não os sistemas, modelos ou instrumentos que inventamos. Isto para deixar uma palavra de realce para o pequeno Estado de Timor Leste e da sua cruzada em querer unir os gigantes Angola e Brasil na toma de empréstimos da República Portuguesa, a taxas vantajosas, em todos ganhariam. Ainda não vi qualquer destaque para esta acção. Há uns anos pedi, na instituição onde trabalho, para que se apoie Timor com estágios aos seus quadros, porque muitas e boas acções virão de lá. Claro que eu sou pequeno, Timor é pequeno, os seus dirigentes são, regra geral, humildes. Nada que chegue para a soberba dos decisores públicos e privados que se vão mantendo no nosso País.
“Sem ter a pretensão de ser um salvador ou um filantropo, Timor-Leste vê na compra de dívida portuguesa um bom negócio e propôs uma aliança a Angola e ao Brasil para a aquisição de títulos nacionais a juros mais baixos. À «Rádio Renascença», o Presidente timorense Ramos Horta sugeriu uma venda directa da dívida portuguesa aos três países: «O que eu proponho seria uma medida conjunta, mas a novidade aqui é que nós compraríamos abaixo do juro que os mercados impõem a Portugal. Poderíamos dizer: estamos a ajudar Portugal, mas estamos a ajudar-nos a nós próprios e estamos a moralizar e a impor um pouco de controlo nos meios financeiros do mercado». Isso pode ser bom negócio para Timor, já que neste momento tem 90% do fundo do petróleo investido em fundos norte-americanos, que oferecem taxas inferiores: «Mau negócio é o nosso investimento no juro americano que é menos de 3%: mais inflação e mais depreciação. Estávamos a perder dinheiro».
Ramos Horta diz também que o Brasil pode sair a ganhar, tendo já avançado com a proposta ao país. Angola ainda não a recebeu, mas certo é que o fundo do petróleo timorense vale actualmente 7 mil milhões de dólares e, em conjunto com investimento dos outros dois países, poderia ser um importante mecanismo para acalmar e fugir aos juros recorde com que Portugal se tem confrontado no acesso aos mercados."
Agência Lusa (2011.03.10)
Uma das saídas para esta crise interna está no recurso à rede da lusofonia, bem patente neste exemplo. Sobretudo no caso do Norte, intenções de investimento direccionadas para o desenvolvimento das regiões de partida da nossa emigração encontrarão nos muitos milionários emigrantes da América do Sul e África do Sul a fonte de financiamento. Bancos de Fomento e/ou Fundos Regionais são uma necessidade para o Norte.
José Ferraz Alves