De: Pulido Valente - "A ver se consigo explicar"

Submetido por taf em Sábado, 2011-02-05 18:12

Um projecto ou plano nunca pode ser encerrado/fechado. Isto é: tem de ter sempre a possibilidade de ir para além daquilo que inicialmente se pensa que é necessário. Porque se assim não fosse o arquitecto ficava impossibilitado de criar soluções que satisfizessem as necessidades do programa ao verificar que este podia ser melhorado. Isto porque um programa parte de uma necessidade e não de um desejo. O que dá ao criador condições para ir tão longe quanto consiga para resolver e dar solução completa ao assunto proposto.

Posto isto os concursos, geralmente e infelizmente nos últimos largos anos, têm sofrido do mal de: ou já têm a descrição da solução implícita nos programas, ou não permitem que uma visão especializada vá mais longe do que aquilo que os promotores desejaram. Neste caso da Nun'Álvares há mais de cem anos que se fala em avenida... Acontece que o figurino da avenida já não é desejável por a evolução (do trânsito e da vida das pessoas, p.e.) o exigir.

Vejam o disparate de fazer uma avenida como a que vai ser feita, não duvido, para ir ligar a Av. da Boavista, num entroncamento, à Pr. do Império da qual não pode passar. Chegados à Praça que se pode fazer? Seguir por Diogo Botelho que a CMP quer que tenha só um sentido quase de certeza porque reconhece que de outra maneira não consegue aliviar a pressão do trânsito Norte/Sul. Só que a Av. Nun'Álvares tem dois sentidos e o sentido Sul/Norte como chega lá? Pela ruazinha que fizeram por detrás dos edifícios Altis (em frente à Católica)? Se sim quem vá de Lordelo para Matosinhos (via Nun'Álvares) como chega a essa ruazinha? E ela (e os seus necessários prolongamentos, se os houver) chegam para substituir meia avenida? Se sim, porque insistir em juntar os dois sentidos numa avenida? Se não, para quê fazer a avenida Nun'Álvares?

Por outro lado é conveniente pensar nas ruas paralelas ao mar que eram e deviam continuar a ser residenciais e tratar de tirar de lá o trânsito de atravessamento. Mas o concurso é fechado. Está encerrado numa linha que não pode ser ultrapassada.

Estas são algumas das razões pelas quais arquitectos com vontade de fazer obra válida não concorrem a estes concursos que os impedem de dar o contributo que querem dar.

Fui claro? Caso não tenha sido cá estou para corrigir e completar.

JPV