De: Paulo Espinha - "O meu Lobby é melhor que o teu…"

Submetido por taf em Quarta, 2006-08-09 18:28

LOBBIES

Há um ano atrás escrevi que a partir do momento em que Rui Rio estava disposto a gastar ou a arranjar dinheiro para sustentar o Circuito da Boavista, a questão financeira deixava de ser argumento. A partir desse momento, considero Rui Rio pessoa capaz de mover o que for preciso para resolver as questões financeiras da autarquia. Também nessa altura aceitava que o Circuito era peça de um puzzle estratégico de marketing em torno da projecção da imagem da cidade, como também o é (mesmo que aqui com menos importância) o Porto Ciência.

Hoje, aceito que o Circuito se mantenha como peça desse puzzle, agora o que eu não posso aceitar é que em nome da pobreza - “não me parece justo a autarquia gastar 1500 contos por dia para sustentar um lobby criado no tempo do Fernando Gomes/Nuno Cardoso, quando nesta cidade há tanta gente a viver na miséria.” - se apoie a privatização da gestão do Rivoli e a mesma se considere perfeitamente justificada. Se o custo do Circuito foi de 750.000 contos (que eu não sei se é verdade) então, em dois anos, dá cerca de 1000 contos/dia!!! A propósito, o Programa Porto Feliz (que considero um êxito) não está a precisar de uns dinheirinhos…

Na verdade, caro Pedro, não terão sido assim tão poucos os espectáculos a que assististe ao longo destes últimos anos na cidade e isso tem uma origem - Manuela de Melo, entre outros. Agora, aceito que é bem possível que a Culturporto tenha ganho tamanha cartilagem que os ossos já não se movam. Contudo, justificar financeiramente a decisão ou ir buscar a miséria que por aí grassa…

Em contraponto considero mais séria a questão levantada por Pais Barroso (não sei se antigo “amigo” de Manuela de Melo) na RTPN ao Vereador do Pelouro da Cultura do Porto, a qual rezava mais ou menos assim - Em que política cultural se enquadra a actual decisão sobre o Rivoli? Fernando Almeida não respondeu à questão levantada, mas justificou a decisão por comparação com a área hospitalar…

Resumindo, globalmente sou a favor das “terapias de choque”. Sou também a favor que quem as executa as deve defender com unhas e dentes. Para isso deve sustentá-las em políticas bem delineadas. Deve ser mais esperto que os outros... É que senão, fica sempre a impressão que “o meu lobby é melhor que o teu…”

ENERGIAS

A outra questão que me faz espécie é a carga negativa com que as decisões são tomadas e consequentemente as acções são executadas. Muitas até são boas decisões, mas essa carga negativa (neste aspecto é bem possível que Rui Rio seja igual a Pinto da Costa, já que ambos originam guerras sucessivas de onde parece tirarem as energias para avançar) e a falta bom senso em comunicar essas mesmas decisões, quer em termos formais, quer em termos substantivos, levam a estas guerrilhas intestinas que a todos tiram energias sem qualquer interesse. Saímos todos mais fracos e com mais cabelos brancos, embora não pareça…

A EQUAÇÃO

E = L D2 (Energia = Lobbies x Decisões com Bom Senso ao Quadrado), desde que resulte E> 0, pois vai por aí uma carga negativa…

Energias positivas para todos,
Paulo Espinha