De: Luís Gomes - "O Estado da Nação Portuense"

Submetido por taf em Sexta, 2010-12-24 11:12

Duas palavras: Não compreendo.

Podia dissertar sobre as trivialidades de mais betão ou do alargamento do parque de estacionamento. Podia questionar a ideia peregrina de colocar uma ciclovia que só prejudicou os utentes do cruzamento de António Aroso com a Av. Boavista.

Naturalmente todos os eventos que possam mediatizar o Porto são bem vindos. É bom para o comércio e para a hotelaria. Em última instância estamos a abrir uma nova escola de Hotelaria para preparar os profissionais a receber melhor os turistas. Porém, não consigo encontrar nenhuma informação que contrarie a capacidade, segurança e logística ou alguma outra contrariedade que impeça a realização das provas no Porto. E é aqui que a utilidade da obra começa a ficar em causa.

Os cidadãos deviam dar sugestões para melhor uso do final da Avenida. No limite devia ficar tal como está, porque temos muitos buracos no Porto e piso em mau estado. Esses 1,1 milhões de euros serviriam muito melhor para pequenas reparações na via pública e por ex: investir em prevenção rodoviária nas escolas, envolvendo a Polícia Municipal nas zonas de animação nocturnas e junto das zonas comerciais. Rui Rio esqueceu-se de referir que vai mexer, parcialmente, numa obra que a Metro do Porto (supostamente) pagou e que deveria servir para a linha de Metro da Boavista. Irónico não?

Quero recordar, agora que se passaram alguns meses, das alterações de trânsito na Senhora da Luz. Ligar o Passeio Alegre à Avenida Brasil por uma rua em que mal cabe um autocarro e lado a lado com pequeno comércio, cafés e supermercado está provado ter sido uma estupidez. Vejam-se as filas de trânsito na hora de ponta e ao final de semana. Tudo pela sagrada ciclovia.

A "crise" das finanças locais deve valer um corte de 5 a 10% no orçamento anual das câmaras. No caso da CMP significou uma paralisia de ideias, de projectos, nos últimos 6 meses. Parece que a crise saqueou a capacidade, o querer e a vontade dos nossos autarcas. Deixo um último desafio para todos pensarmos: "(..)Cerca de 4500 dos perto de dez mil alunos do pré-escolar e 1º Ciclo que almoçam na escola não pagam por isso; outros dois mil desembolsam metade do valor da refeição, que está nos 1,34 euros há seis anos (..)" in JN. Significa isto que 4500 crianças do pré-escolar e 1º ciclo das escolas públicas do Porto tem escalão A da Acção Social Escolar (ou seja extremamente carenciados). Cabe na cabeça de alguém que haja assim tantos alunos "extremamente carenciados" e que não pagam sequer o valor simbólico da refeição?

Bom Natal