De: Honório Novo - "O Reich do doutor Rio!"
O dr. Rio está a passar das marcas e a ultrapassar as fronteiras que o colocam fora da Democracia e contra princípios básicos do Estado de Direito. O dr. Rio, do alto da sua proverbial teimosia, não pode confundir os seus desejos mais íntimos com a realidade; não pode confundir o exercício do poder com as suas obsessões pessoais.
Proscrito Saramago das ruas do Porto, com uma decisão revanchista de uma maioria reaccionária que não esquece discordâncias, nem que elas sejam com um “homem que não morre” e que continua a levar a literatura e o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo, (onde param - que se faz tarde - Miguel Veiga e Santos Silva, últimos recursos, face a esta paranóia, da mui nobre e leal Cidade?), o doutor Rio mantém também um insanável conflito com o direito constitucional de informação dos cidadãos. Neste caso, nem os tribunais o fazem inverter o rumo e alterar um comportamento ilegal, não obstante já se terem pronunciado contra a remoção da propaganda pública que, designadamente o PCP, tem todo o direito de colocar nas ruas da Cidade.
Um episódio mais recente e escabroso fez “saltar a tampa”: a tentativa de impedir a divulgação da Greve Geral da próxima quarta-feira e o assalto que o dr. Rio ordenou à sede do Sindicato Têxtil, em frente à casa da Música, que aliás pode ser visto num filme que corre no YouTube. O que ali sucedeu não foi apenas a retirada ilegal de um pano que apelava à greve Geral, posto na fachada de um prédio pelos seus proprietários legítimos; o que ali ocorreu foi o assalto de uma propriedade privada com cobertura policial, sem mandato judicial, à semelhança do que se fazia à luz das velas, antes do 25 de Abril…
O Porto não vai voltar ao tempo das trevas nem quer ser o Reich do doutor Rio!
(Também publicado hoje no JN.)